As ações da petroquímica Braskem (BRKM5) saltaram no início da tarde desta sexta-feira, 5. Os ganhos chegaram a ser de 41,52%, a R$27,20. O movimento aconteceu após a notícia de que a estatal Adnoc, controlada pelo governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, teria preparado uma oferta de compra da petroquímica por até R$ 37,5 bilhões.
Após a sessão de disparada, os papéis foram diminuindo os ganhos ao longo do dia, mas ainda fechou em forte alta, de 23,62%, a R$ 23,76.
A operação seria feita em parceria com o fundo americano Apollo e apresentada a representantes dos principais bancos credores da empresa (Santander, Banco do Brasil, BNDES, Bradesco e Safra) ainda nessa sexta-feira. Segundo publicado pelo O Globo e pela Folha de S Paulo, a definição seria de que a empresa exercerá o controle e, para isso, quer pagar prêmio de 135% sobre o valor das ações e isso resultaria em R$ 47 por ação.
O preço de R$ 47 por ação seria estendido a todos os acionistas da companhia nesta sexta-feira, inclusive fundos de investimento com participação minoritária. Os bancos receberiam parte da dívida de R$ 14 bilhões em dinheiro e a diferença seria convertida em dívida com a nova companhia.
De acordo com as reportagens, faria parte da proposta da Adnoc assumir o problema causado pela Braskem em Alagoas, onde ocorre o afundamento do solo em Maceió. Na segunda-feira, 8, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, fará a primeira audiência para “cessar as negociações sobre a Braskem”. Serão ouvidos o governador Paulo Dantas, representantes da petroquímica, especialistas e também as vítimas.
Em suas redes sociais, o senador Renan Calheiros (MDB) publicou um vídeo no qual chamou o afundamento do solo em Maceió de “um dos maiores crimes ambientais de todos os tempos”. Calheiros afirmou que conversou com setores do governo federal, que ainda não estavam sabendo da proposta dos Emirados Árabes Unidos.
“Seja a proposta que for, gostaria de repetir que Alagoas e o Senado Federal não admitem que resolvam primeiro o problema da Braskem sem resolver o problema do estado de Alagoas, das vítimas que, com certeza, são vítimas de um dos maiores crimes ambientais de todos os tempos. Manterei contato com o presidente da República, que tem óbvios compromissos com o nordeste e com o estado de Alagoas, e com o presidente da Petrobras, que é acionista da Braskem, para que não permitam que uma proposta resolva o problema dos bancos e sem garantir um tratamento igual para as vítimas deste terrível crime ambiental”, disse o senador.
Em comunicado divulgado no fim da tarde desta sexta-feira, a Braskem divulgou a informação recebida via Novonor (ex-Odebrecht), uma de suas acionistas sobre o tema. A empresa afirmou que não recebeu qualquer proposta, afirmou que não recebeu qualquer proposta de potenciais interessados em sua participação de controle na maior petroquímica brasileira, negando informações publicadas pela imprensa local sobre o potencial interesse de grupo dos Emirados Árabes Unidos.
“A Novonor informa que, desde nossas últimas manifestações e até o presente momento, não recebeu qualquer proposta de potenciais interessados que implique em evolução material ou vinculante nas discussões aos cinco bancos detentores da alienação fiduciária de sua participação indireta na Braskem”, afirmou a companhia.
A Novonor tem 50,1% do capital votante da Braskem e a Petrobras (PETR3;PETR4) outros 47%. No mês passado, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou à Bloomberg que a estatal poderia ampliar a participação na Braskem. Dias depois, a Petrobras disse que não houve mudanças em seu plano de venda de sua fatia na Braskem.
Fonte – Extra m