Imaginemos que isso é só o começo, mas o que a PF indica até agora na Operação Lágrimas de Sal – investigação da Braskem – não chega nem a ser a ponta do iceberg, usando uma expressão de há muito popularizada.
O que se espera da PF é que se chegue aos nomes dos que nos fizeram derramar lágrimas salgadas.
É claro que a apreensão de documentos da empresa, e já havia suspeitas de fraudes muito antes do afundamento ficar evidente, parecia inevitável numa investigação sobre o caso. Mas as perguntas só se multiplicam.
Algumas delas:
Os documentos supostamente fraudulentos foram encaminhados a quem?
Quem os recebia acatava, simplesmente, ou os analisava com a ciência disponível e até pedia ajuda de quem poderia dá-la?
Se houve omissão, isso é também é crime. Quem seriam os criminosos, historicamente?
As relações política$ da mineradora em Alagoas – e no resto do país – contribuíram até que ponto para que o crime prosperasse e não fosse reprimido a tempo?
A PF que atua no caso pode ser chamada de “Gestapo” (definição de Calheiro) ou é a polícia profissional que conhecemos e aprendemos a respeitar pela independência e competência técnica (tendo a ficar com a segunda hipótese)?
Creio que a expectativa de todos é que a investigação avance e aponte os nomes dos cúmplices da Braskem – e parece que eles são vários e importantes.
Que a CPI ajude na investigação, mas é nas Lágrimas de Sal que devemos investir nossa esperança de alguma justiça para a população de Alagoas.
Texto – Ricardo Mota
Fonte – Cada Minuto