Logo que eu soube do transplante cardíaco do apresentador Faustão, deduzi, por óbvio, que a aparente celeridade iria provocar muita desconfiança na sempre ativa turma contumaz em impropérios.
E as redes sociais, mais uma vez, cumpriram seu papel de tentar destruir a reputação das instituições públicas mais sérias que o nosso país possui.
Um ataque injustificável, a não ser pelo fato de que tudo que é público no Brasil é mal avaliado por uma parcela significativa da nossa população.
Nem mesmo o exemplo recente do SUS, durante a pandemia, foi capaz de desfazer essa imagem ruim dos serviços públicos.
Quem precisou do SUS, e todos nós precisamos de alguma maneira, encontrou um modelo que se não é perfeito, e não é, tem um padrão de qualidade invejável – e o mundo todo vê dessa maneira.
No caso do sistema de transplantes, o Brasil alcançou a condição de melhor e maior serviço público do tipo no mundo, que vem beneficiando pessoas de todas as classes sociais, sem privilégios.
Os critérios adotados pelo serviço são cristalinos e têm sido seguidos com rigor por gente muito séria e, não por acaso, serve de modelo para vários outros países.
O farto noticiário sobre o tema agora, provocado certamente pelo transplante do Faustão (e pela desconfiança, injusta, que ele provocou), nos traz muitas informações de profissionais da Saúde e beneficiários do sistema e do SUS. Nunca se soube tanto sobre o tema – a resposta foi certeira.
Além da constatação de que aquilo que precisa melhorar, mais do que qualquer outra coisa – e há muito para melhorar -, diz respeito a nós, a população: fazer da doação de órgãos parte da nossa cultura de solidariedade.
E, cá para nós, nada que a educação contínua não possa forjar, tornando-nos também campeões mundiais nesse quesito tão sensível e humano.
No mais, o caso Faustão, independentemente de quem seja, deve ser motivo de orgulho para o país, longe da maledicência das redes sociais.
Texto – Ricardo Mota
Fonte – Cada Minuto