
Em meio a uma nova ofensiva bolsonarista, a tentativa do PL de obstruir os trabalhos da Câmara dos Deputados para forçar a votação de um projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi amplamente derrotada nesta quarta-feira (26). A movimentação foi criticada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Casa, que classificou a iniciativa como “absurda”.
“O PL iniciou hoje uma tentativa de obstrução absurda dos trabalhos da Câmara para forçar uma votação do projeto de anistia para Bolsonaro e os golpistas. Foram derrotados numa votação por 318 a 54! Nós não vamos aceitar que tentem paralisar o Brasil e pautas importantes para o povo brasileiro para salvar Bolsonaro da cadeia! É #SemAnistia!”, escreveu Lindbergh em suas redes sociais.
A estratégia de obstrução foi formalizada pelo vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), que presidiu brevemente a sessão e a encerrou sob alegação de “falta de acordo”. No entanto, parlamentares de outras bancadas contestaram a justificativa, alegando que havia consenso para a votação de projetos relevantes, como a Lei do Mar e a proposta de aumento de penas para o uso de armas de fogo de uso restrito.
A movimentação do PL ocorre em reação direta à decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado no contexto dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Além do ex-presidente, outros sete aliados foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), confirmou a ofensiva como uma resposta política.
“Se pensaram que a gente ia baixar a cabeça, nós já começamos a obstruir aqui na Câmara. Hoje ninguém vai fazer nada”, declarou da tribuna.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), criticou a tentativa de paralisação e afirmou que o PL está colocando os interesses de Bolsonaro acima das necessidades do país.
“Com tantas pautas importantes para o povo e para o país, obstruir é colocar os interesses de Bolsonaro à frente dos interesses do Brasil”, declarou à CNN Brasil.
Diante da movimentação, o governo Lula busca articular sua base no Congresso para blindar pautas prioritárias, como a ampliação da isenção do Imposto de Renda e a revogação da escala de trabalho 6 por 1, reivindicada por diversas categorias. O presidente deve realizar um encontro informal com líderes partidários no Palácio da Alvorada, como estratégia para reforçar o diálogo e neutralizar as tentativas de sabotagem da extrema direita no Parlamento.