Tecnologia pioneira permitirá respostas rápidas diante de eventos climáticos adversos em Alagoas

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) lançou um sistema inovador de monitoramento climático em tempo real, tornando Alagoas o primeiro estado do Brasil a contar com essa tecnologia para acompanhar riscos de desastres naturais. O anúncio foi feito durante um workshop sobre planejamento para o período chuvoso, realizado nesta quarta-feira (26) na sede da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA).
O sistema conta com a instalação de aproximadamente 60 equipamentos, incluindo estações pluviométricas, hidrológicas, meteorológicas e pluviômetros, distribuídos em pontos estratégicos do estado. Com essa estrutura interligada à Sala de Alerta da Semarh, será possível prever eventos climáticos adversos e emitir relatórios detalhados com maior rapidez, auxiliando na prevenção de tragédias.
O secretário estadual da Semarh, Gino César, destacou a importância da tecnologia na mitigação de riscos e na disseminação de informações preventivas.
“Nosso papel é informar, e a imprensa é fundamental nesta comunicação. Não dá para pensar em mitigação sem os parceiros da Defesa Civil e os veículos de comunicação neste projeto”, afirmou.
Integração e alertas via celular
Além de aprimorar o monitoramento climático, a nova ferramenta permitirá o envio de alertas diretamente para celulares em áreas de risco previamente mapeadas pela Defesa Civil. O coordenador estadual da Defesa Civil de Alagoas, coronel Moisés Pereira de Melo, destacou que a iniciativa busca salvar vidas ao oferecer informações precisas em tempo real.
“Toda essa tecnologia foi implementada para facilitar a emissão de alertas em tempo real, visando salvar vidas, que é o nosso maior objetivo”, ressaltou.
A integração entre órgãos estaduais e municipais será essencial para a eficácia do sistema. Segundo o coronel, há especial preocupação com chuvas intensas e o risco de enchentes, principalmente em regiões como Vale do Paraíba, Mundaú, Jacuípe e Ipanema, além da capital, Maceió.
“Monitoramos continuamente as águas que caem em Pernambuco e desaguam em Alagoas. Estamos atentos e trabalhando em conjunto com a Defesa Civil de Pernambuco para antecipar riscos e tomar medidas preventivas”, explicou.
Eventos climáticos extremos preocupam especialistas
O superintendente de Prevenção em Desastres Naturais da Semarh, Vinicius Pinho, ressaltou a preocupação com as mudanças climáticas e seus impactos no estado. De acordo com ele, as previsões indicam chuvas abaixo da média na quadra chuvosa, principalmente no semiárido, mas há risco de eventos climáticos extremos devido às altas temperaturas.
“Os chamados veranicos – períodos prolongados de estiagem dentro da quadra chuvosa – seguidos por chuvas intensas são o pior cenário possível. O solo seco se torna impermeável, aumentando o risco de enchentes, principalmente nos municípios ribeirinhos”, alertou.
Impactos em Maceió e no estado
O coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, enfatizou que a capital também enfrenta riscos devido ao regime de chuvas intensas seguidas de estiagem, o que compromete a drenagem urbana e pode levar ao transbordamento da Lagoa Mundaú.
“É essencial que todos os municípios estejam integrados a essa tecnologia para ações preventivas e de resposta, minimizando os danos na Lagoa Mundaú e auxiliando também as cidades vizinhas”, afirmou.
As previsões climáticas do Núcleo de Operação e Alerta da Semarh (Noas) apontam um volume de chuvas dentro da média anual de 1.800 milímetros. Para abril, a expectativa é de 190 milímetros de precipitação, mas ainda há incerteza sobre a distribuição dessas chuvas ao longo do mês.
O novo sistema de monitoramento representa um avanço significativo na gestão de riscos ambientais em Alagoas, permitindo respostas mais rápidas e eficazes diante de eventos climáticos adversos.