Após anos de protagonismo na Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) recuou para os bastidores e já desenha seus próximos passos políticos. O ex-presidente da Casa trocou o gabinete da liderança por um novo espaço, enquanto as reuniões com chefes de Poderes deram lugar a encontros estratégicos com prefeitos, parte de sua articulação para uma candidatura ao Senado em 2026.
A movimentação política de Lira também o distanciou da Esplanada dos Ministérios. Embora aliados tenham cogitado sua entrada na gestão petista como forma de manter influência, o avanço da desaprovação ao governo Lula esfriou qualquer possibilidade. Entre as especulações, chegou-se a ventilar sua nomeação para o Ministério da Agricultura, substituindo Carlos Fávaro. No entanto, com a reprovação ao governo atingindo um patamar recorde — quatro em cada dez brasileiros avaliam a gestão como ruim ou péssima, segundo o Datafolha —, a ideia perdeu força.
Agora, Lira concentra sua atuação em Alagoas. No início de fevereiro, reuniu prefeitos e aliados em sua fazenda Santa Maria, em São Sebastião (AL), a cerca de 130 km de Maceió. O evento contou com a presença de políticos do PP e de outras siglas, incluindo o MDB, partido do senador e adversário Renan Calheiros. Nos bastidores, estima-se que cerca de 15 prefeitos emedebistas apoiem Lira, que prometeu intensificar sua presença nos municípios. Apesar das articulações, ele não declarou abertamente sua intenção de disputar o Senado.
A agenda de Lira no estado também incluiu participação em eventos institucionais, como um encontro da Associação dos Municípios de Alagoas, ao lado do prefeito de Maceió, JHC (PL), e a posse do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Fábio José Bittencourt Araújo.
Paralelamente, Lira mantém influência nacional e tem sido convidado para palestras e debates, especialmente sobre economia. Ele participou, na semana passada, de um evento promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), em Brasília, e ressaltou nas redes sociais sua defesa do fortalecimento do ambiente de negócios no país.
Dentro do PP, Lira foi escalado para negociar a possível federação com União Brasil e Republicanos. O senador Ciro Nogueira (PI), presidente da sigla, tem incentivado sua atuação no crescimento do partido e já lhe ofereceu a presidência rotativa da futura federação, caso a aliança se concretize.
Apesar da influência nos bastidores, Lira se mantém distante das reuniões formais conduzidas por seu sucessor, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). No entanto, segue participando de encontros restritos com figuras estratégicas, como os líderes do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), e do PP, Doutor Luizinho (RJ), ambos cotados para ocupar espaços de articulação política no governo federal. Com informações do portal O Globo.
Fonte: Jornal Extra