Se tem uma coisa que o prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL) consegue fazer muito bem – gostem ou não dele, sejam opositores ou aliados – é saber se comunicar da forma mais direta possível com seus eleitores. Isto é preciso reconhecer!
Em termos de comunicação e marketing, JHC nunca perdeu oportunidades. Além disso, consegue emplacar temas positivos para si, mesmo quando há problemas na gestão municipal que cobram uma fala do prefeito.
Um exemplo claro disso é o recente caso envolvendo a suspensão do transporte escolar municipal que rendeu até uma pequena batalha jurídica, em que o Executivo municipal conseguiu derrubar uma liminar a partir de uma ação movida pelo Ministério Público Estadual e, com isso, garantiu, ainda que de forma emergencial, o retorno do transporte das crianças da rede.
O prefeito – no meio de tudo isso – manteve o silêncio, evitou o desgaste, desprezou a oposição no Legislativo e deixou a polêmica passar como se fosse algo distante dele. Há estratégia.
Paralelamente, em uma agenda em São Paulo, apareceu, em suas redes sociais, ao lado do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, para falar sobre a futura chegada, em Maceió, de tecnologias para a área de Segurança Pública. Este é um exemplo de que JHC sabe trabalhar sua “aprovação”. Não por acaso, conseguiu ser reeleito batendo recorde e dando uma “surra” no principal adversário: o deputado federal Rafael Brito (MDB).
E para 2026? JHC é candidato ao governo do Estado? Bem, o chefe do Executivo municipal da capital alagoana adota comportamentos que levam a crer que sim, inclusive, como noticiou a imprensa local, buscando novos aliados no interior do Estado, como a nomeação do ex-prefeito de Palmeira dos Índios, James Ribeiro, para um cargo de assessoria dentro da administração municipal de Maceió.
JHC sabe – com base nas mais recentes pesquisas – que, em Maceió, derrotaria o MDB fácil se as eleições estaduais fossem nesse momento. Ele sabe também que terá boa presença na região metropolitana. O desafio de JHC é nas demais áreas do Estado em que o virtual adversário, o ministro dos Transportes Renan Filho (MDB), surge mais forte conforme as mesmas pesquisas eleitorais. São nessas regiões que JHC, evidentemente, busca mais aliados.
Agora, diga-se de passagem, aliados para além do que uma parceria com o deputado federal Arthur Lira (Progressistas) possa trazer.
É nisso que o gestor municipal da capital é uma “incógnita”, pois suas decisões – para uma futura composição de chapa, caso seja mesmo candidato ao governo em 2026 – poderá, a depender da forma como se cacife, ficar todas em suas mãos. João Henrique Caldas é sim capaz de decisões que surpreendem e sabe levá-las, em banho-maria, até o momento certo de serem anunciadas.
Para a reeleição, JHC fez isso. Afinal, a escolha pelo ex-senador Rodrigo Cunha (Podemos) na posição de vice-prefeito foi do próprio Tio Jota, deixando de lado nomes mais próximos de Lira. O deputado federal teve que engolir.
A aliança “JHC e Cunha” faz com que, se o prefeito deixar o cargo lá na frente, Rodrigo Cunha tenha um compromisso com o chefe do Executivo e não necessariamente com um grupo. O prefeito pode fortalecer a mãe, a senadora Eudócia Caldas (PL), na busca por uma reeleição à cadeira do Senado, ainda que na chapa também esteja Arthur Lira, já que serão duas vagas.
Ou seja: os passos de JHC são os de ser o regente da orquestra. Mas não apenas isso. Ele pode escrever ainda a partitura e definir todos os músicos, incluindo a forma como lidará com a construção dos blocos que disputarão as proporcionais, incluindo aí uma candidatura viável de um nome de sua escolha para a Câmara Federal, que pode ser muito bem a primeira-dama Marina Candia.
Fonte – Lula Villar / Cada Minuto