O Partido dos Trabalhadores (PT) de Alagoas se encontra em um momento estratégico, marcado por disputas internas e movimentações políticas que definirão o futuro da legenda no estado. Com o prazo para novas filiações se encerrando nesta sexta-feira, 28 de fevereiro, os diferentes grupos dentro da sigla intensificam suas articulações em busca de fortalecimento para as eleições internas de julho.
O cenário atual revela uma acirrada disputa entre duas principais correntes do partido. De um lado, o deputado federal Paulão, figura histórica do PT alagoano e representante da tendência “Construindo um Novo Brasil” (CNB), busca manter a hegemonia da corrente que lidera o partido há décadas. Do outro, o deputado estadual Ronaldo Medeiros, ligado à “Resistência Socialista”, articula uma candidatura alternativa, reunindo apoios de diferentes segmentos, incluindo o “Movimento PT” e setores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Estratégias e tensões na reta final
Com a aproximação da eleição interna, as táticas para ampliar a base de apoio têm gerado atritos. O grupo de Medeiros tem investido na ampliação do número de filiados, incentivando novas adesões para fortalecer sua posição na disputa. No entanto, essa movimentação provocou reações dentro do partido, com questionamentos sobre a regularidade de algumas filiações. O atual comando da legenda estuda medidas para impugnar determinadas adesões, alegando descumprimento das regras internas.
O presidente do diretório municipal de Maceió, Marcelo Nascimento, que também coordena a tendência Movimento PT, destaca a importância do momento e a necessidade de ampliar a participação na sigla. “Hoje o PT de Alagoas tem mais de 30 mil filiados, sendo cerca de 10 mil apenas em Maceió. Em nível nacional, já passamos de 3 milhões, e o objetivo é fortalecer o partido em todo o país”, ressalta.
Nascimento também antecipou detalhes sobre o processo eleitoral interno. Segundo ele, a votação será realizada com urnas eletrônicas, e a inscrição de chapas pode ser feita até o final de abril. “Qualquer filiado tem o direito de se candidatar, desde que esteja em dia com suas obrigações partidárias. Esperamos um processo democrático, onde todas as vozes possam se manifestar sem restrições”, afirmou.
Rumo à renovação?
Nos bastidores, o futuro da sigla no estado passa por uma reconfiguração de forças. Pela primeira vez em décadas, a CNB vê sua hegemonia ameaçada, especialmente com a possibilidade de Medeiros consolidar sua candidatura com apoio de diferentes setores internos. Paralelamente, Paulão e seus aliados apostam na sindicalista Dafne Orion, atual presidenta do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, como nome para disputar a presidência estadual do partido.
Com o encerramento do prazo de novas filiações, a disputa interna entra em uma nova fase. As próximas semanas serão decisivas para definir os candidatos e alianças que guiarão o PT alagoano nos próximos anos. Além da luta pelo controle do partido, o embate reflete diferentes visões sobre os caminhos que a legenda deve seguir no estado, evidenciando um processo de renovação política que pode ter impactos além das fronteiras do diretório estadual.