O ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, quebrou o silêncio sobre as acusações de assédio sexual feitas pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em entrevista ao portal UOL, publicada nesta segunda-feira (24), Silvio negou as denúncias e afirmou que a ministra “se perdeu no personagem”, sugerindo que a acusação tem motivações políticas.
Almeida disse: “A ministra Anielle Franco caiu numa armadilha pela falta de compreensão de como funciona a política… Eu acho que ela se perdeu no personagem. Quando você se torna ministro de Estado, a intriga se torna uma arma política.” Ele classificou a denúncia de Anielle como um “espalhamento de fofocas e intrigas” e insinuou que o objetivo da ministra seria “minar minha credibilidade, tirar meu espaço em certos círculos da elite carioca, da academia, com pessoas ligadas ao sistema de justiça.”
Anielle Franco reagiu duramente às declarações de Silvio, chamando-as de “desprezíveis” e “inaceitáveis.” Em nota, a ministra criticou a tentativa de desqualificação das denúncias, afirmando que essa postura perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas. “Na véspera de prestar depoimento à Polícia Federal como investigado, o acusado escolheu utilizar um espaço público para atacar e desqualificar as denúncias, adotando uma postura que perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas,” disse.
Além da denúncia da ministra, Silvio Almeida também é alvo de outras acusações. A professora Isabel Rodrigues afirmou, em um vídeo publicado em suas redes sociais, que foi vítima de assédio pelo ex-ministro em agosto de 2019, antes de ele assumir o cargo. Silvio expressou surpresa em relação a essa acusação, comentando: “Fiquei surpreso, porque fomos amigos durante anos… Achei esquisito. E incongruente em relação às atitudes que teve comigo há pouquíssimo tempo.”
O ex-ministro foi intimado pela Polícia Federal para depor nesta terça-feira (25). Durante a entrevista, ele se defendeu das acusações, afirmando que a ideia de que teria tocado a ministra durante uma reunião em Brasília é absurda. “Eu passaria a mão nas pernas de uma ministra numa reunião na frente do diretor geral da PF? Isso é um descalabro,” declarou.
Silvio Almeida foi demitido do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania em setembro do ano passado, após as denúncias de assédio sexual serem reveladas pelo portal Metrópoles e confirmadas pela ONG Me Too. Com o depoimento à Polícia Federal se aproximando, o caso ganha ainda mais repercussão e promete novos desdobramentos.