O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), adotou um tom mais firme para conter os ânimos no plenário após um bate-boca entre parlamentares na última quarta-feira (19/2). Em meio a embates acalorados entre governistas e oposição, a sessão precisou ser suspensa temporariamente, levando Motta a anunciar medidas para reforçar a ordem e evitar novos tumultos durante os debates legislativos.
O episódio ocorreu quando o líder do PT na Câmara, Lindberg Farias (PT-RJ), tentava discursar enquanto aliados exibiam cartazes sobre a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação gerou reações imediatas da oposição, que interrompeu a fala de Farias. Diante do impasse, a 3ª secretária da Mesa Diretora, deputada Delegada Katarina (PSD-SE), decidiu suspender a sessão por não conseguir retomar o controle da situação.
Ao reassumir a condução dos trabalhos, Hugo Motta não poupou críticas ao comportamento dos parlamentares. “Eu quero dizer às vossas excelências que, se vossas excelências estão confundindo este presidente como uma pessoa paciente, serena, como um presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem”, declarou. Ele também ressaltou que não permitirá condutas agressivas no plenário: “Quem estiver aqui preocupado em agredir colega para aparecer, não terá desta nossa presidência nenhuma complacência. Não admitiremos isso”.
Novas normas para evitar tumultos
A crescente tensão entre governistas e oposição tem marcado o início do ano legislativo, impulsionada por temas polêmicos como o aumento no preço dos alimentos, as investigações contra Bolsonaro e seus aliados e a discussão sobre anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Para evitar novos episódios de desordem, Hugo Motta pretende implementar medidas mais rígidas.
Entre as mudanças previstas, está um controle mais severo do código de vestimenta. Parlamentares que não estiverem trajando roupas formais – como o uso de camiseta ou a ausência de gravata – serão impedidos de entrar no plenário. “Essa será uma máxima: o parlamentar que aqui estiver fora daquilo que o nosso regimento rege, nós não permitiremos que permaneça em plenário”, afirmou.
Além disso, o presidente da Câmara avalia endurecer as punições para aqueles que protagonizarem tumultos, incluindo a possibilidade de suspensão cautelar por até seis meses, conforme previsto no regimento interno da Casa.
As novas diretrizes serão debatidas com as lideranças partidárias nas próximas semanas. O objetivo de Hugo Motta é reforçar o respeito entre as bancadas e garantir que os debates parlamentares ocorram dentro dos limites da civilidade e do regimento interno.