
Documento aponta que 58% das vítimas da tragédia da mineração não foram procuradas pela empresaO Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), com apoio do economista Elias Fragoso, denunciou nesta sexta-feira (21) que o passivo da Braskem em Alagoas seria muito maior do que o divulgado oficialmente. Em carta aberta aos bancos credores da mineradora, o grupo afirma que cerca de 140 mil pessoas físicas e jurídicas seguem sem reparação adequada pelos danos causados pelo afundamento do solo em Maceió.
O documento, enviado aos CEOs do Banco do Brasil, BNDES, Santander, Itaú Unibanco e Bradesco, alerta que 58% das vítimas da tragédia – que foram obrigadas a abandonar suas casas e perderam seus negócios – nunca foram procuradas pela empresa. Segundo a denúncia, a Braskem divulga um percentual de 99,99% de resolução do passivo, mas esse número incluiria apenas os moradores da chamada “área 00”, que representam 42% dos atingidos.
A carta ainda acusa a Braskem de agir de forma maliciosa ao “forjar” a compra de imóveis, quando deveria ter indenizado integralmente os moradores.
“Muitos foram prejudicados três vezes: primeiro, ao perderem suas moradias; depois, ao receberem um valor irrisório pelo dano moral; e, por fim, ao verem a empresa simular a compra dos imóveis destruídos”, diz o texto.
O MUVB afirma possuir provas dos abusos cometidos pela Braskem nos últimos sete anos e critica a ausência dos afetados nas negociações entre a mineradora e os bancos credores. Além disso, denuncia a exclusão de quatro bairros de Maceió – Flexais, Quebrada, Marquês de Abrantes e Bom Parto – do processo de reparação e a falta de diálogo com municípios da região metropolitana impactados pela tragédia.
Preocupação com risco ambiental
O documento também chama atenção para o risco representado pelo complexo químico da Braskem em Maceió, classificado como “uma bomba com alto potencial para causar um mega acidente”, que poderia atingir até 150 mil pessoas.
A carta critica ainda a suposta falta de transparência da Braskem na prestação de contas aos órgãos fiscalizadores e aos seus acionistas. Segundo o MUVB, em vez de encaminhar soluções reais, a empresa estaria gastando milhões com consultorias e obras de fachada, enquanto seu passivo real continua crescendo.
“Seguiremos cobrando e responsabilizando os atuais e futuros responsáveis pela empresa até que sejamos devidamente reparados. Os direitos das vítimas da Braskem são imprescritíveis”, conclui o documento.
A carta foi enviada aos cinco bancos credores da Braskem, que estão em negociações para assumir o controle da empresa. Os afetados exigem participação no processo de venda, argumentando que são os maiores credores da mineradora.
Fonte: O Jornal Extra