O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou estar “triste” por não poder acompanhar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ao aeroporto neste sábado (18). Michelle viajará aos Estados Unidos para participar da posse de Donald Trump como presidente, evento do qual Bolsonaro foi impedido de comparecer por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Por que essa perseguição em cima de mim?”, questionou Bolsonaro em entrevista concedida nesta sexta-feira (17) ao programa Os Três Poderes, da revista Veja. Ele classificou a decisão do STF como “estapafúrdia e inimaginável” e voltou a rejeitar as acusações de tentativa de golpe que pesam contra ele, pedindo anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
O veto à presença de Bolsonaro na posse de Trump foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira (16). Segundo Moraes, o ex-presidente manifestou apoio público à fuga de condenados ligados à investigação sobre tentativa de golpe, o que justificaria a restrição.
A defesa de Bolsonaro recorreu da decisão, mas o recurso foi negado. O ex-presidente já teve o passaporte apreendido em fevereiro de 2024, durante uma operação da Polícia Federal no âmbito da mesma investigação. Desde então, seus pedidos para reaver o documento, incluindo tentativas para viajar a Israel, foram indeferidos pela Justiça.
Bolsonaro também criticou o STF em relação a outra decisão recente, que deu 24 horas para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), explicar a construção de um muro na região conhecida como “cracolândia”. A determinação, provocada por uma ação movida pelo PSOL, foi classificada pelo ex-presidente como “combinada com toda a certeza”.
Durante a entrevista, Bolsonaro falou sobre os planos da direita para as eleições de 2026, ressaltando que não pretende formar “uma bancada enorme de senadores para cassar quem quer que seja”. O comentário sugere uma tentativa de reestruturar sua base política sem priorizar represálias.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro embarcará neste sábado para representar a família Bolsonaro no evento nos EUA. Enquanto isso, o ex-presidente segue impedido de deixar o país, enfrentando desdobramentos judiciais que devem continuar impactando sua atuação política.