O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (17/1), após a decisão que negou seu pedido de liberação do passaporte para comparecer à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro acusou Moraes de concentrar poder excessivo e desrespeitar o devido processo legal.
“Se eu estou tão culpado assim, se têm tanta certeza que eu queria dar um golpe, se eu sou tão ditador assim, por que não seguir o devido processo legal? Só um homem faz tudo. O inquérito foi dado para ele. Desse inquérito, nasceram outros inquéritos ali… Ele escuta, ele julga, ele escala a PF, ele escala quem vai ser o juiz na audiência de custódia, ele dá a pena, dá entrevista, ele faz tudo”, declarou Bolsonaro em entrevista à Veja.
O ministro Alexandre de Moraes rejeitou, pela segunda vez, o pedido de Bolsonaro para viajar aos Estados Unidos, mantendo a retenção de seu passaporte, que está apreendido desde fevereiro de 2024. A medida cautelar foi determinada no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A negativa de Moraes segue manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que também se posicionou contra a liberação do documento e a viagem. O ministro justificou que há risco de evasão, lembrando declarações públicas de Bolsonaro sobre a possibilidade de solicitar asilo político para evitar responsabilização penal no Brasil.
Durante a entrevista, Bolsonaro justificou que sua viagem aos Estados Unidos seria um evento simbólico, reforçando seu papel como representante da direita na América Latina.
“Ninguém pode negar que tive, realmente, 58 milhões de votos. Ninguém pode negar que agreguei mais votos de lá para cá. Represento a direita no Brasil, e por que não dizer, a direita na América do Sul. É isso que eu represento. Não queria ir para os Estados Unidos como se estivesse indo para o batizado de alguém. É o evento mais importante da história do mundo, do corrente ano, com toda certeza”, afirmou, referindo-se à posse de Trump.
A posse de Donald Trump está marcada para a próxima segunda-feira (20/1). A defesa de Bolsonaro argumentou que ele havia recebido um convite formal para participar da cerimônia, mas o STF negou tanto o pedido inicial quanto o recurso.