O estado de Alagoas registrou uma redução significativa na pobreza multidimensional entre crianças e adolescentes de 0 a 17 anos nos últimos quatro anos. Segundo o estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023, divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o índice caiu de 83,9% em 2019 para 78,3% em 2023.
A nível nacional, o Brasil também avançou no enfrentamento à pobreza infantil, reduzindo o índice de 59,5% para 55,9% no mesmo período. Essa redução foi impulsionada por fatores como o aumento da renda familiar – favorecido pela ampliação do programa Bolsa Família – e a melhoria no acesso à informação.
Embora Alagoas tenha apresentado progresso, o estado ainda enfrenta desafios significativos em dimensões como saneamento e renda. Em 2023, os principais indicadores de privação entre crianças e adolescentes no estado foram: saneamento inadequado (64,7%), privação de renda (31,8%), falta de acesso à água adequada (11,7%), moradia inadequada (7,9%), privação de educação (10,8%), falta de acesso à informação (3,7%) e trabalho infantil (2,4%). Esses dados evidenciam a necessidade de políticas públicas específicas para enfrentar essas carências e garantir os direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
O estudo destacou uma preocupação nacional: a desigualdade racial no contexto da pobreza infantil. Enquanto 45,2% das crianças e adolescentes brancos no Brasil vivem em pobreza multidimensional, esse índice chega a 63,6% entre os negros, evidenciando disparidades históricas e estruturais que afetam principalmente a população negra.
Recomendações do UNICEF
Diante dos desafios, o UNICEF reforça a importância de incorporar a pobreza infantil multidimensional como estatística oficial no Brasil, para que ela seja utilizada como base para o planejamento e execução de políticas públicas. A organização também enfatiza a necessidade de priorizar crianças e adolescentes em termos orçamentários, promover políticas intersetoriais e transversais que abordem múltiplas dimensões de forma integrada e expandir programas como o Bolsa Família e fortalecer a infraestrutura da assistência social.
Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais do UNICEF no Brasil, celebrou os avanços, mas destacou que ainda há muito a ser feito. “Os sinais positivos, como a diminuição da pobreza infantil monetária, refletem a ampliação de programas sociais e investimentos na assistência social. No entanto, é essencial que estados e municípios adotem agendas transversais como a do Plano Plurianual (PPA) federal para garantir que cada criança e adolescente tenha seus direitos plenamente garantidos.”
A redução da pobreza multidimensional em Alagoas e no Brasil demonstra avanços significativos, mas também ressalta a necessidade de esforços contínuos para combater as desigualdades e assegurar condições dignas para todas as crianças e adolescentes, independentemente de sua origem ou cor.