Jean-Marie Le Pen, uma figura central e controversa da extrema direita na França, morreu nesta terça-feira (7) aos 96 anos. A notícia foi confirmada pela família à agência France Presse (AFP). Le Pen, que esteve hospitalizado em uma casa de repouso nas últimas semanas devido à sua saúde debilitada, faleceu ao meio-dia, cercado por familiares.
Um Legado de Divisão
Fundador da Frente Nacional, atual Reunião Nacional (RN), Jean-Marie Le Pen é lembrado tanto por sua habilidade como estrategista político quanto pelas ideias extremistas que moldaram sua trajetória. O político foi um dos primeiros a transformar o discurso anti-imigração e ultranacionalista em uma força política relevante na França, ao mesmo tempo em que atraía críticas por posições abertamente racistas e declarações polêmicas sobre temas como gênero e o Holocausto.
Seu impacto na política francesa não se restringe à sua própria atuação: ele abriu caminho para que a extrema direita ganhasse protagonismo, consolidado hoje por sua filha, Marine Le Pen. Apesar disso, o pai e a filha romperam publicamente, culminando na expulsão de Jean-Marie do partido em 2015, após declarações que minimizaram o Holocausto.
Histórico Político e Controvérsias
Nascido em La Trinité-sur-Mer, na Bretanha, em 1928, Le Pen formou-se em direito antes de ingressar no exército francês. Ele participou de conflitos emblemáticos, como as guerras da Indochina e da Argélia, experiências que moldaram seu ultranacionalismo.
Jean-Marie entrou na política na década de 1950 e, em 1972, fundou a Frente Nacional. Sob sua liderança, o partido atraiu simpatizantes neofascistas e consolidou uma retórica anti-imigração. Durante mais de quatro décadas, ele foi a face pública do partido, até ser expulso pela própria filha, que buscava distanciar o RN das polêmicas associadas ao pai para ampliar sua base de apoio.
Sua maior conquista eleitoral foi alcançar o segundo turno da eleição presidencial de 2002, um marco para a extrema direita, embora tenha sido derrotado de forma expressiva por Jacques Chirac.
Reações e Contexto Atual
A morte de Jean-Marie Le Pen ocorre em meio à atuação de Marine Le Pen como figura central da política francesa, evidenciando o peso do legado familiar na extrema direita. Marine, que estava em Mayotte no momento da morte do pai, ainda não se pronunciou oficialmente.
Jordan Bardella, atual presidente do Reunião Nacional, destacou o papel de Jean-Marie como “defensor da identidade e soberania da França”. Sua declaração sinaliza o esforço do partido em equilibrar o reconhecimento da importância histórica do fundador com a tentativa de dissociar-se de suas posturas mais radicais.
Uma Figura Marcante e Divisiva
A trajetória de Jean-Marie Le Pen encapsula décadas de transformações na política francesa, com seu nome associado tanto ao fortalecimento da extrema direita quanto às polêmicas que continuam a dividir a sociedade. Sua morte encerra um capítulo turbulento, mas o impacto de sua liderança reverbera na França contemporânea, onde o discurso nacionalista segue em evidência.
