Uma nova pesquisa acendeu o alerta sobre os perigos potenciais de produtos plásticos pretos, como espátulas, bandejas de sushi e brinquedos, que podem conter substâncias químicas tóxicas. Publicado na revista científica Chemosphere em outubro, o estudo aponta a presença de retardadores de chama, componentes associados a sérios riscos à saúde humana.
Esses produtos químicos, originalmente usados para reduzir a inflamabilidade de materiais, têm sido relacionados a uma série de problemas de saúde, incluindo câncer, disfunções endócrinas e dificuldades no desenvolvimento neurológico. A toxicidade dessas substâncias levou ao banimento de muitos retardadores de chama nos últimos anos. Contudo, a pesquisa revela que resíduos plásticos reciclados, como aqueles provenientes de eletrônicos, ainda podem carregar esses compostos, escapando de regulamentações específicas.
Riscos ocultos em objetos cotidianos
O estudo encontrou o decaBDE, um retardador de chama classificado como cancerígeno, em itens domésticos comuns. A exposição prolongada a essa substância está associada a problemas de fertilidade, partos prematuros e déficits de desenvolvimento infantil. Além disso, há indícios de que mulheres grávidas expostas ao decaBDE enfrentam maior risco de complicações na gestação e de impactos negativos no desenvolvimento de seus filhos.
Embora a pesquisa tenha identificado a presença desses químicos em alguns objetos, ainda não é possível determinar exatamente quais produtos plásticos pretos representam maior perigo. Essa incerteza é agravada pela utilização de plásticos reciclados, que muitas vezes misturam materiais contaminados com retardadores de chama sem o devido controle.
O desafio das regulamentações e do consumo consciente
A lacuna nas regulamentações para plásticos reciclados contribui para a persistência do problema. Enquanto produtos novos podem estar sujeitos a regras mais rígidas, os reciclados escapam dessas normas, tornando o consumidor vulnerável.
Especialistas recomendam cautela no uso de utensílios plásticos pretos, especialmente aqueles que entram em contato com alimentos ou são utilizados em altas temperaturas. Também destacam a importância de avanços nas políticas de reciclagem e fabricação, que garantam maior segurança química nos produtos reciclados.
“Os riscos vão além do consumidor final, impactando também trabalhadores envolvidos no processamento desses materiais”, alerta o estudo. A conscientização e a pressão por regulamentações mais abrangentes são passos cruciais para minimizar os impactos dessas substâncias na saúde pública.
O que fazer enquanto mudanças não chegam?
Até que haja avanços na regulamentação, o consumidor pode tomar medidas para reduzir o risco de exposição, como evitar utensílios de plástico preto em altas temperaturas e optar por materiais alternativos, como vidro, aço inoxidável ou madeira, sempre que possível.
A pesquisa serve como um lembrete de que, mesmo em produtos aparentemente inofensivos, pode haver perigos ocultos. Estar informado e adotar práticas de consumo consciente são maneiras importantes de proteger a saúde e o meio ambiente.