
A última segunda-feira de 2024 foi marcada por desencontros sobre a liberação de emendas parlamentares, destacando a falta de consenso entre o Supremo Tribunal Federal (STF), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Congresso Nacional. O embate gira em torno de R$ 4,2 bilhões destinados a emendas de comissão, cujos critérios de transparência e rastreabilidade têm sido questionados.
O ministro Flávio Dino, do STF, e a AGU protagonizaram uma sequência de decisões contraditórias, ampliando a incerteza sobre o destino dos recursos e deixando a questão em aberto para 2025, indeferindo um pedido do Senado Federal para liberar as emendas de comissão (RP8) não empenhadas até 23 de dezembro. O ministro criticou a falta de informações claras sobre os parlamentares responsáveis pela destinação dos recursos e os valores envolvidos.
“Como pode ser empenhada uma emenda de comissão sem a aprovação das comissões responsáveis e sem identificação do beneficiário?”, pontuou Dino, referindo-se a R$ 2,5 bilhões em emendas que seguem bloqueadas.
Em decisão anterior, no domingo (29/12), Dino autorizou o pagamento de emendas já empenhadas antes da suspensão, além de permitir a continuidade de recursos destinados à saúde até 10 de janeiro de 2025.
Na tarde de segunda-feira, a AGU emitiu um parecer recomendando ao governo federal que não realizasse os pagamentos liberados por Dino no domingo. O órgão alegou dúvidas sobre a interpretação da decisão do ministro.
Contudo, horas depois, a AGU revisou sua posição, passando a recomendar a liberação das emendas autorizadas. A mudança gerou novos desdobramentos, com Dino determinando que o órgão comprovasse a necessidade de R$ 370 milhões em emendas para atender ao piso constitucional da Saúde.
O bloqueio das emendas começou em agosto, quando Dino suspendeu os pagamentos devido à ausência de transparência na indicação dos beneficiários, violando preceitos constitucionais. Desde então, o STF e o Congresso travam um embate sobre a liberação e o controle desses recursos.
Dino sustenta que o processo atual não segue as normas legais, enquanto parlamentares defendem a continuidade das emendas, argumentando que elas são essenciais para atender demandas locais.
Com os desencontros entre STF, AGU e Congresso, o impasse sobre as emendas de comissão permanece sem resolução clara. A disputa deve se estender para 2025, deixando em aberto questões fundamentais sobre a gestão de recursos públicos e a relação entre os poderes.