
A direção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Benedito Bentes, em Maceió, anunciou nesta quinta-feira (26) a abertura de uma investigação para apurar as circunstâncias da morte de Aurora, de 1 ano e 2 meses. A medida foi tomada após a mãe da criança, Kettly Ferreira, denunciar negligência médica em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Em nota, a direção da UPA lamentou o falecimento de Aurora e expressou solidariedade à família, afirmando que foram seguidos todos os protocolos clínicos disponíveis para prestar o melhor atendimento. A unidade informou que a criança recebeu assistência intensiva e que está conduzindo uma apuração criteriosa, por meio de sua Comissão de Óbitos, para esclarecer os fatos.
Aurora começou a passar mal na madrugada da última segunda-feira (23), apresentando respiração alterada. Após observar a filha em casa durante toda a madrugada, Kettly a levou à UPA na manhã de terça-feira (24).
Segundo a mãe, a menina chegou à unidade com sinais de falta de oxigênio, mas não teria recebido uma avaliação completa por parte da equipe médica. Kettly relatou que Aurora foi inicialmente diagnosticada com uma crise asmática, mesmo sem histórico de asma, e que procedimentos como a ausculta do pulmão e a solicitação de exames de imagem não foram realizados.
Aurora foi transferida para a área vermelha em duas ocasiões. No primeiro momento, utilizou uma máscara de Hudson para auxílio respiratório e teve a saturação medida com um equipamento destinado a adultos, o que teria gerado uma leitura equivocada, indicando estabilidade. A criança foi então levada de volta à ala pediátrica.
Kettly afirmou que, ao perder o acesso do soro enquanto estava no colo da mãe, Aurora foi levada novamente à área vermelha. A dificuldade em recolocar o acesso, devido à desidratação, atrasou o atendimento. Segundo a mãe, mesmo após a identificação de sinais preocupantes, a médica responsável deixou a sala sem realizar novas intervenções.
Pouco tempo depois, Aurora sofreu uma piora e não resistiu. A mãe relatou que a confirmação da morte veio por volta das 12h. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou como causa da morte broncopneumonia e broncoaspiração.
A direção da UPA afirmou que permanece à disposição da família para esclarecimentos e que aguarda o resultado da apuração interna. A Comissão de Óbitos analisará detalhadamente os procedimentos realizados.
“O que me dói mais é saber que isso pode acontecer com outra pessoa, com outra criança. Não quero que nenhuma mãe passe pelo o que eu passei. A dor que estou sentindo, não desejo para ninguém.”, concluiu Kelly.
O caso mobiliza autoridades de saúde e sociedade, reacendendo o debate sobre a qualidade do atendimento médico e a responsabilidade em unidades de saúde pública.