Instalada em Craíbas, no Agreste de Alagoas, a Mineração Vale Verde (MVV) alcançou importantes resultados em 2024, consolidando-se como um dos pilares da balança comercial do estado. Até o momento, a mineradora realizou 25 embarques internacionais, somando 74 milhões de quilos de minério de cobre enviados para países como China, Índia, Finlândia e Polônia. Desde o início de suas operações, em 2021, a empresa já exportou 271,4 mil toneladas secas de concentrado de cobre pelo Porto de Maceió.
O minério, utilizado na eletrificação de veículos e em avanços da revolução energética, colocou Alagoas no mapa global das exportações desse insumo. No primeiro semestre de 2024, o estado se destacou como o 6º maior exportador do Nordeste, impulsionado pela produção em Craíbas, que se tornou o maior município exportador alagoano. Segundo a gerente do Centro Internacional de Negócios de Alagoas (CIN/AL), Dielze Mello, a entrada da mineradora no cenário comercial internacional diversificou o mix de produtos alagoanos exportados, fortalecendo a economia local.
Apesar do sucesso econômico, a Vale Verde enfrenta desafios relacionados ao impacto de suas atividades nas comunidades próximas à sua operação. Desde 2021, moradores de povoados como Lagoa do Mel, Serrote, Torrões e Umbuzeiro relatam tremores, rachaduras em residências e outros prejuízos atribuídos às explosões realizadas pela mineradora.
A empresa nega que suas atividades sejam responsáveis pelos danos, apontando estudos semestrais de impacto ambiental e vibração sonora como garantia de que as operações são controladas. Contudo, a questão é objeto de uma ação civil pública ajuizada pela Defensoria Pública da União (DPU) em 2023.
Em novembro, a 8ª Vara da Justiça Federal em Alagoas realizou uma audiência de conciliação para tratar do caso. Avanços foram registrados em dois dos três eixos do plano de trabalho destinado a identificar as causas dos problemas relatados.
Entre as medidas acordadas, a mineradora se comprometeu a fornecer equipamentos e apoio estrutural às Defesas Civis de Craíbas e Arapiraca, incluindo veículos, drones, rádios, e acesso 24 horas aos dados técnicos da barragem Serrote. Além disso, a MVV garantiu o custeio de um funcionário por 12 meses para a Defesa Civil de Craíbas e a capacitação dos órgãos de ambas as cidades.
Enquanto a Vale Verde eleva Alagoas a novos patamares no mercado internacional, os desafios locais reforçam a necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade social. A audiência judicial e as ações implementadas até agora demonstram um esforço para atender às demandas das comunidades afetadas, mas o processo ainda está longe de uma solução definitiva.