A esposa do mototaxista Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, que foi morto por um policial militar em Camaragibe (PE), no domingo (1º), durante uma discussão sobre o valor de uma corrida, afirmou que a vida do marido foi avaliada em apenas R$ 7.
“A vida dele valeu R$ 7″, declarou Débora em entrevista à TV Guararapes, nesta segunda-feira (2). Ela relatou que Thiago foi baleado e morto pelo PM por causa de uma discussão sobre o valor da corrida, que teria custado R$ 7. ”Thiago era um menino sonhador, era um menino que tinha planos, não tinha maldade com ninguém. A vida dele valeu R$ 7″, lamentou.
“Eu imaginava que ele pudesse perder a vida de diversas formas, mas por um policial, que é pago para proteger a gente? Como uma pessoa sem controle emocional a ponto de tirar a vida do outro por conta de R$ 7 passa na polícia?”, questionou.
Preocupada, a esposa ligou várias vezes para Thiago quando ele não chegou em casa. “Ele largava às 15h. Mas deu 15h50 e ele não chegou. Eu comecei a ligar perguntando ‘tu tá onde?’, mas como ele era Uber moto ele não mexia no celular, aí eu deduzi que ele estaria fazendo uma corrida, mas ele já estava morto e eu não sabia. Aí fui para a casa de uma amiga minha esperar ele lá, aí me ligaram e me deram a notícia. Não imaginei que a vida dele fosse ser tirada de uma forma tão cruel, tão medíocre”.
As câmeras de segurança capturaram o instante em que o policial militar, Venilson Cândido da Silva, 50 anos, desceu da motocicleta e iniciou uma breve conversa com o mototaxista, Thiago Fernandes Bezerra. A discussão se intensificou após o policial tirar a carteira, sinalizando o pagamento da corrida.
A gravação mostra que, no auge da discussão, o mototaxista agrediu o policial com um tapa. O PM, visivelmente alterado, retirou o celular do bolso e se afastou alguns passos. Em seguida, sacou sua arma e, após mirar na direção do mototaxista, efetuou os disparos. Após o crime, o policial guardou a arma, retirou o capacete e o colocou próximo ao corpo da vítima antes de fugir.
O policial, após assassinar o mototaxista, fugiu do local, mas foi capturado por populares que o agrediram fisicamente. Posteriormente, foi preso em flagrante pela Polícia Civil e encaminhado para um hospital. A corporação militar instaurou um processo administrativo que poderá resultar na sua exclusão da corporação.