O Supremo Tribunal Federal (STF) continua nesta quinta-feira, 28, a análise sobre a responsabilidade de plataformas digitais por conteúdos ofensivos ou ilegais publicados por seus usuários. Na sessão desta quarta-feira, 27, foram apresentados os primeiros argumentos pelas partes envolvidas e por entidades interessadas no caso.
O julgamento gira em torno do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que estabelece que redes sociais só podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros se descumprirem ordens judiciais para removê-los. O resultado do julgamento pode alterar a forma como plataformas operam no Brasil, impactando tanto a moderação de conteúdo quanto a liberdade de expressão.
Posicionamentos em defesa do artigo
Os advogados do Facebook e do Google defenderam a constitucionalidade do artigo, argumentando que ele proporciona equilíbrio e segurança jurídica. José Rollemberg Leite Neto, representante do Facebook, afirmou que as plataformas já investem em tecnologias avançadas para moderar conteúdos nocivos. “Existem termos de uso rigorosos e esforços contínuos para coibir práticas como discurso de ódio e violência”, destacou.
Eduardo Bastos Furtado de Mendonça, advogado do Google, argumentou que a maioria dos conteúdos prejudiciais é removida sem a necessidade de decisões judiciais. Ele alertou, no entanto, para os desafios que a subjetividade de certos conteúdos pode trazer. “Responsabilizar as plataformas por julgamentos polêmicos e subjetivos pode gerar censura e desestimular debates importantes”, afirmou.
Próximos passos e impacto
Nesta quinta-feira, a sessão começará com 18 sustentações orais, cada uma com cinco minutos de duração. Em seguida, os ministros iniciarão seus votos. O desfecho do julgamento poderá redefinir os limites da responsabilidade das redes sociais no Brasil, com implicações diretas para a liberdade de expressão e o combate a conteúdos prejudiciais na internet.