Após dias de incerteza, o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) confirmou ontem (26) a descentralização de R$ 38 milhões para o Exército Brasileiro, garantindo a continuidade da Operação Carro-Pipa (OCP). A medida evita a suspensão do programa, que abastece comunidades no semiárido nordestino com água potável, e atende a demandas urgentes de gestores municipais e parlamentares da região.
Seis estados seriam afetados caso os recursos não fossem liberados: Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Em Alagoas, por exemplo, 31 municípios do Sertão e Semiárido, com cerca de 135 mil habitantes, dependem integralmente do programa, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Sem a operação, essas famílias enfrentariam dificuldades severas em meio à estiagem que já impacta a região.
O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley, liderou articulações para evitar a suspensão. Ele encaminhou ofícios ao coordenador da bancada federal de Alagoas, deputado Paulão (PT), e apelou diretamente ao presidente Lula para reverter a situação. “Com a estiagem que já começou, a suspensão da operação comprometeria a vida de 12 milhões de pessoas no Nordeste”, alertou Wanderley em nota.
Criada em 2012, a Operação Carro-Pipa é uma iniciativa emergencial destinada a amenizar os efeitos da seca no semiárido. Coordenada pelo MIDR e pelo Exército, a ação abastece atualmente 344 municípios e atende mais de 1,5 milhão de pessoas por mês. Em 2023, cerca de 12 milhões de litros de água foram transportados até agosto, totalizando R$ 500 milhões em investimentos do Governo Federal.
A liberação de recursos foi celebrada por lideranças locais, mas também evidenciou a necessidade de políticas estruturantes para a convivência com a seca. O deputado Paulão reforçou que a OCP é essencial e deve ser tratada como prioridade. “Não é aceitável cortar um programa tão crucial para a vida dessas famílias. Estamos todos mobilizados para assegurar sua continuidade”, declarou.
Com os repasses autorizados, o programa será retomado de forma imediata, garantindo o fornecimento de água às comunidades mais vulneráveis. A operação, considerada vital, segue como um exemplo da importância de articulações conjuntas entre lideranças locais e federais para enfrentar os desafios impostos pela seca no Nordeste.