O trágico acidente envolvendo um ônibus escolar na Serra da Barriga, em União dos Palmares, Alagoas, deixou 18 mortos e dezenas de feridos neste domingo (24). Entre as histórias de dor e sobrevivência, a de Amilton de Oliveira chama atenção. Ele, que inicialmente passava o dia jogando futebol, enfrentou a cena de horror para resgatar sua esposa e filho.
O veículo, que transportava 48 pessoas para um tradicional evento no quilombo, despencou em uma ribanceira. Amilton foi informado de que sua esposa, Luany da Silva, e seu filho, de 9 anos, estavam no ônibus. Sem esperar por mais detalhes, ele subiu a serra de motocicleta e começou a busca por seus familiares.
“Eu passei por corpo morto, eu pensava que era mato, porque era uma ribanceira e eu desci na corda. Quando eu pensava que era no mato que estava pisando, era gente. Muito triste a cena, parecia um filme de terror.”, relatou Amilton.
Após percorrer o local do acidente, ele encontrou sua esposa com vida, perto do ônibus. De acordo com ele, Luany foi arremessada pela janela.
Luany, que trabalha na área da Educação, estava com o filho no momento do acidente. Apesar do impacto, o menino sobreviveu com uma fratura na clavícula.
“Ela o abraçou para proteger, mas, na hora do impacto, ele soltou dela. Mesmo assim, ela conseguiu ir atrás dele”, contou o pai.
O avô da criança, Valmir da Silva, também relatou momentos de angústia ao saber da tragédia.
“Eu tinha acabado de sair do trabalho e, quando olhei o telefone, vi os vídeos da tragédia, mas não dei muita atenção. Depois, recebi uma mensagem de uma amiga da minha filha dizendo que ela e meu neto estavam no ônibus. Entrei em desespero, comecei a chorar.”, disse o avô.
Valmir informou que o estado de saúde de Luany e do neto é estável. “Ele sofreu uma fratura na clavícula, mas está bem. Minha filha passou por cirurgia e também está se recuperando. Só tenho a agradecer a Deus por isso.”, relatou.
O acidente ocorreu na subida da Serra da Barriga, símbolo da resistência negra no Brasil. O ônibus escolar transportava passageiros para o evento Pôr do Sol na Serra, quando perdeu o controle e despencou na ribanceira.
Das 48 pessoas a bordo, 18 morreram – 16 no local e duas em hospitais. No Hospital Regional da Mata, em União dos Palmares, 20 pessoas deram entrada, e 19 foram transferidas para o Hospital Geral do Estado, em Maceió, com suporte aéreo. Muitas das vítimas estão em estado grave, mas a situação atual de saúde não foi divulgada.
A Serra da Barriga, palco da tragédia, é um local de forte importância histórica, sendo o principal quilombo do país e um marco da resistência do movimento negro. O luto agora marca um espaço que simboliza luta e esperança.