Andréia Karla, ex-moradora do bairro Pinheiro, em Maceió, e uma das vítimas do desastre causado pela mineração de sal-gema da Braskem, foi surpreendida nesta segunda-feira (18) com um telefonema que informava o agendamento da demolição de seu imóvel, localizado na Rua Pedro Suruagy. A comunicação gerou revolta, pois ela ainda não recebeu indenização pela propriedade.
De acordo com os padrões, a demolição ocorre após a Braskem indenizar os proprietários e adquirir a posse dos imóveis. Contudo, Andréia contesta o valor proposto pela empresa e mantém a disputa na Justiça. A ex-moradora questiona a legalidade da demolição enquanto o imóvel permanece sob sua posse, com bens pessoais ainda no local.
“A minha casa não teve nenhum tipo de pagamento. O problema está na Justiça. A sentença judicial determinou um valor superior ao que foi oferecido e recusado. Mesmo assim, a Braskem decidiu não pagar”, afirmou Andréia, mencionando que a diferença entre o valor judicial e o proposto pela empresa é de cerca de 30%.
O caso está em tramitação desde janeiro de 2023 e é o último imóvel pendente na rua. Recentemente, a petroquímica entrou com recurso no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife, atrasando ainda mais o pagamento.
A Braskem, em nota, afirmou que as demolições emergenciais de imóveis com risco estrutural são determinadas pela Defesa Civil de Maceió, com base em questões de segurança pública. “O apoio técnico da Braskem ao Município para a realização de demolições emergenciais está previsto no 3º Termo de Cooperação (TC3), firmado em janeiro de 2020”, destacou.
Enquanto isso, Andréia segue buscando seus direitos e exige que a empresa respeite as decisões judiciais e regularize a indenização antes de qualquer ação sobre seu imóvel. “Querem derrubar minha casa sem pagar o laudo pericial corrigido. Já temos duas decisões favoráveis. Isso é um absurdo”, desabafou.
O caso ilustra as dificuldades enfrentadas por moradores desalojados em meio a um dos maiores desastres ambientais e urbanos do Brasil.