Um relatório do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), apresentado à cúpula do G20 no Rio de Janeiro, destacou que o Brasil é o país que mais paga juros da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) entre as principais economias mundiais.
Com uma dívida pública correspondente a 84,7% do PIB em 2023, o Brasil destinou cerca de 6% de seu PIB ao pagamento de juros. Essa taxa é superior à de outros países emergentes, como México (5,83%) e Índia (5,26%), e significativamente maior que a de economias avançadas como os Estados Unidos (3,01%) e a Itália (3,61%).
Apesar de ter uma dívida pública quase duas vezes maior, equivalente a 154,5% do PIB, a Argentina pagou juros de apenas 2,4% do PIB. A China, que também possui uma dívida pública elevada (83,6% do PIB), gastou apenas 0,94% de seu PIB com juros.
Comparativo internacional
O relatório trouxe dados que revelam a diferença no impacto da dívida pública e dos custos associados entre países emergentes e desenvolvidos:
Países Emergentes
Brasil: 84,6% (dívida) – 5,96% (juros)
México: 53,0% – 5,83%
Índia: 82,7% – 5,26%
África do Sul: 73,9% – 4,96%
China: 83,6% – 0,94%
Países Desenvolvidos
Itália: 137,2% – 3,61%
Estados Unidos: 122,1% – 3,01%
Reino Unido: 101,0% – 2,46%
Japão: 252,3% – 0,12%
Alemanha: 64,2% – 0,69%
A diferença no custo dos juros pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a credibilidade fiscal de cada país, a política monetária adotada e a confiança dos investidores na capacidade de pagamento da dívida.
Impactos no Brasil
O alto custo da dívida pública representa um desafio fiscal significativo para o Brasil. Segundo especialistas, a elevada taxa de juros, impulsionada pela política monetária do Banco Central, é um dos fatores que contribuem para esse cenário.
Reduzir o peso do pagamento de juros sobre o PIB exigirá ajustes fiscais, aumento da eficiência no gasto público e políticas que favoreçam a confiança dos mercados financeiros. Para muitos analistas, esse é um dos pontos críticos para assegurar o crescimento econômico sustentável do Brasil nos próximos anos.