Em depoimento à polícia, a namorada de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto no Aeroporto Internacional de São Paulo na sexta-feira (8), afirmou que o empresário avistou, durante um jantar em São Miguel dos Milagres, um homem semelhante ao que o ameaçava.
Gritzbach e sua namorada, Maria Helena Paiva Antunes, passaram alguns dias em Alagoas pouco antes de o empresário ser assassinado a tiros ao tentar embarcar em uma Trail Blazer blindada que o aguardava em frente ao terminal 2 do aeroporto de Guarulhos.
Em seu depoimento, um dos seguranças do empresário, que também esteve presente em Maceió, revelou que a vítima e sua namorada visitavam imóveis em São Miguel dos Milagres com o objetivo de passar as festividades de fim de ano com a família.
Gritzbach estava ameaçado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção com a qual teria se envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro. Maria Helena relatou que presenciou o empresário falando sobre ameaças de morte que recebia “por meios eletrônicos”.
“Na quarta-feira passada, estávamos jantando em São Miguel dos Milagres, quando Antônio Vinícius comentou que teria visto no local um homem muito parecido com um dos que o ameaçavam, mas achava que talvez não fosse ele, pois o homem que o ameaçava fumava excessivamente, e aquele não estava fumando.”
Maria Helena continuou seu depoimento dizendo que, entre os dias 5 e 6, ouviu Gritzbach ao telefone conversando com uma pessoa que tinha uma dívida com ele. “Posteriormente, ele determinou que o policial militar Samuel Tillvitz da Luz e o motorista Danilo Lima Silva fossem até Maceió buscar algumas joias que seriam parte do pagamento dessa dívida.”
As joias estavam com a vítima no momento do ataque e foram encaminhadas ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Maria Helena informou à polícia, ainda, que o casal sabia que seria aguardado no aeroporto da Grande São Paulo por policiais militares responsáveis pela segurança particular do empresário. Oito desses policiais foram afastados de suas funções após o caso ganhar repercussão.
Assim que o avião aterrissou em Guarulhos, Gritzbach recebeu uma ligação informando que o Volkswagen Amarok, destinado à sua escolta, estava com problemas mecânicos. De acordo com os quatro policiais responsáveis pela segurança privada do empresário, devido a esse problema, apenas um deles foi buscar Gritzbach com outro veículo, enquanto os outros três ficaram com o carro quebrado no posto de combustíveis.
Gritzbach foi atingido por mais de 20 tiros, de três calibres diferentes, incluindo de fuzil. Dez disparos o acertaram, dois deles no rosto, e ele morreu no local. Os assassinos fugiram no mesmo veículo com o qual chegaram, que foi encontrado abandonado nas proximidades do aeroporto. Além do empresário, o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais também perdeu a vida no ataque.
A namorada relatou ter ouvido os tiros e visto Gritzbach cair, mas não soube identificar a origem dos disparos, pois correu na direção oposta para se proteger. No interior do aeroporto, ela permaneceu com o policial militar Samuel, que depois a levou até a casa de Gritzbach, onde foi abordada pela Polícia Civil.
Nos primeiros depoimentos, os quatro policiais militares responsáveis pela segurança de Gritzbach relataram que, momentos antes do ataque ao empresário, fizeram uma parada em um posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada de Gritzbach.
De acordo com os relatos dos policiais, quando decidiram seguir para o aeroporto, uma das caminhonetes apresentou problemas mecânicos. Assim, apenas um dos PMs foi até o local, acompanhado pelo filho de Gritzbach. Outro policial, que também havia acompanhado o empresário em sua viagem a Alagoas, afirmou à polícia, nesta segunda-feira, que não percebeu nenhuma movimentação suspeita no aeroporto, conforme informado por seu defensor.