Com a recente eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a relação entre os dois líderes será marcadamente formal e sem o vínculo amistoso que Lula teve com o ex-presidente republicano George W. Bush. Nos anos 2000, Lula e Bush cultivaram uma aproximação que superava barreiras ideológicas, resultando em encontros e trocas cordiais que, segundo fontes do Palácio do Planalto, foram marcadas por uma “química” pessoal e política entre os dois. Esse cenário, no entanto, não deve se repetir com Trump, conforme interlocutores do governo brasileiro.
O contexto atual aponta para obstáculos significativos a uma aproximação direta entre Lula e Trump. Além de diferenças ideológicas profundas, o vínculo direto de Trump com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gera uma desconfiança mútua, dificultando tentativas de uma relação mais próxima. Para os conselheiros presidenciais, a recente vitória de Trump reforça um movimento de ascensão da direita global, representada por figuras como Viktor Orbán, Marine Le Pen e Javier Milei, e, no Brasil, pelo bolsonarismo.
Embora a expectativa seja de uma relação institucionalmente respeitosa, o governo brasileiro tem planos de fortalecer a cooperação com o Congresso americano, buscando aliados em ambos os partidos para fortalecer as relações diplomáticas e comerciais. Um dos canais de diálogo é a Frente Parlamentar Brasil-Estados Unidos, o Brazil Caucus, copresidido por congressistas americanos como Lance Goode, do Partido Republicano, que mantêm uma agenda voltada para fortalecer a parceria com o Brasil.
Esse esforço indica que, mesmo com a falta de uma conexão pessoal entre os presidentes, o governo Lula pretende garantir que as relações com os Estados Unidos não sejam comprometidas, explorando alternativas diplomáticas para manter o diálogo entre as duas nações.