Durante uma visita à Europa para atrair investidores ao setor de rodovias, o ministro dos Transportes, Renan Filho, fez declarações contundentes sobre o papel do Brasil no tráfico internacional de drogas. Em entrevista à BBC News Brasil, concedida em Londres, Renan Filho destacou que a qualidade superior dos portos e aeroportos brasileiros, em comparação com a infraestrutura dos países vizinhos, torna o Brasil uma rota preferencial para o escoamento de drogas para o mercado europeu.
“Somos um país que tem o azar de estar ao lado dos maiores produtores de drogas do planeta”, afirmou Renan. “O Brasil não é produtor de maconha ou cocaína, mas é o segundo maior consumidor de drogas no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em vários setores, não somos o segundo lugar em nada – nem em carros, tablets, ou eletrônicos. Mas, quando se trata de drogas, estamos nessa posição devido à nossa proximidade com os produtores”, declarou.
Para o ministro, a infraestrutura brasileira, que é referência na América do Sul, acaba sendo usada por traficantes, que preferem as rotas do Brasil ao envio pelos portos de países como a Argentina, cuja infraestrutura é mais limitada. “E a droga inunda o Brasil por quê? Porque querem acessar nossa infraestrutura para levar ao mundo. Os nossos portos e aeroportos são melhores, por isso escolhem o Brasil”, completou Renan.
Além de discutir o impacto global, Renan Filho também alertou para o efeito dessa rota no aumento da violência e no fortalecimento das facções criminosas que controlam o tráfico no país. Segundo ele, o problema do tráfico não é apenas uma questão de segurança interna, mas uma pressão regional, agravada pela produção de drogas nos países vizinhos.
Por fim, o ministro enfatizou a necessidade de valorizar os aspectos positivos do Brasil. “Nossa geração precisa defender as virtudes do Brasil, e não só apontar os defeitos”, afirmou, em uma mensagem de otimismo e esperança de que o país não seja definido apenas por suas dificuldades.