O município de Major Isidoro, em Alagoas, enfrenta uma das piores secas dos últimos anos, levando o governo federal a decretar situação de emergência, conforme publicado no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (4). A medida, que reconhece oficialmente a gravidade da estiagem, permite a liberação de recursos federais para assistência à população e recuperação de danos na região.
A decisão foi baseada no Formulário de Informações do Desastre (FIDE), que constatou a severidade da seca, classificada como “estiagem – 1.4.1.1.0.” Essa classificação define uma estiagem de longa duração que afeta drasticamente a disponibilidade de água e a segurança alimentar, principalmente para agricultores e comunidades rurais. O reconhecimento já havia sido feito em nível municipal, pelo Decreto nº 54 de 14 de outubro de 2024.
A situação de Major Isidoro é reflexo de uma estiagem mais ampla que afeta diversas regiões do Nordeste. Segundo o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), 2024 tem sido um ano crítico para o semiárido nordestino, onde a irregularidade das chuvas tem causado dificuldades extremas para o abastecimento de água e a manutenção da agricultura de subsistência. Em Alagoas, a seca atinge principalmente as regiões do Agreste e Sertão, impactando gravemente pequenos produtores rurais, que dependem da chuva para suas lavouras.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a precipitação média no Nordeste entre janeiro e outubro de 2024 ficou cerca de 40% abaixo do normal, agravando o déficit hídrico. Os reservatórios que abastecem a região estão com níveis historicamente baixos, e a previsão de chuvas para os próximos meses continua desfavorável, acentuando a necessidade de medidas emergenciais.
Com a oficialização da situação de emergência, Major Isidoro poderá acessar o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, que viabiliza a liberação de recursos para medidas emergenciais como a distribuição de água por meio de caminhões-pipa, a recuperação de poços e a assistência alimentar a famílias em situação de vulnerabilidade.
Além disso, a liberação de verbas permitirá implementar ações voltadas ao apoio agrícola, como a distribuição de sementes adaptadas à seca e a ampliação de políticas de seguro rural, que visam minimizar as perdas dos agricultores. No Brasil, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cerca de 60% da agricultura familiar no Nordeste é afetada por secas periódicas, resultando em perdas significativas de renda.