Com o fim das eleições municipais em Alagoas, vemos uma clara divisão nos resultados entre o interior e a capital. O MDB consolidou sua força, elegendo 65 prefeitos no interior, enquanto o PL de JHC ficou com apenas a prefeitura de Maceió. O PP também foi bem em regiões como litoral e agreste.
Apesar disso, é comum que veículos de comunicação e analistas políticos deem destaque aos números expressivos da capital, ignorando que o valor do voto em uma democracia deve ser igual, independentemente de onde ele seja depositado — seja no sertão, litoral, agreste ou capital.
O sistema democrático é alicerçado na igualdade de condições. Cada cidadão tem direito a um voto, e esse voto tem o mesmo peso em Maceió, União dos Palmares ou Delmiro Gouveia. Não há hierarquia entre os eleitores urbanos e os rurais – ainda que os “analistas” morem na capital e vejam o mundo através do próprio umbigo.
Há uma tendência perigosa em tratar os votos da capital como mais “importantes” ou “legítimos”, principalmente quando algumas figuras políticas se consolidam na mídia através de uma votação expressiva em grandes centros urbanos, ofuscando os resultados do interior.
Desvalorizar o voto do interior é uma armadilha. O interior alagoano foi decisivo para o resultado eleitoral do MDB nas eleições deste ano. Por outro lado, o PL, que conquistou apenas a prefeitura de Maceió e foi derrotado em 18 outras cidades, não pode ser alçado a uma posição de superioridade política simplesmente por estar em uma cidade de maior visibilidade.
O interior representa 70% do eleitorado de Alagoas e tem peso para eleger não apenas governador, mas também senadores e a maioria dos deputados federais e estaduais.
Além disso, é importante que em Maceió, muitas práticas questionáveis continuam a afetar a transparência do processo eleitoral. Vereadores são frequentemente acusados de manter currais eleitorais e de usar “cadastros” para garantir votos em troca de benefícios pessoais ou favores. A compra de votos na capital é tão forte quanto qualquer cidade do interior.
Nenhum voto é mais importante que o outro. Cada alagoano tem o direito de escolher seu representante de maneira igualitária, seja no sertão, no litoral, no agreste ou na capital. Desvalorizar o voto do interior é desconsiderar a diversidade regional e a importância de cada eleitor no processo democrático.
A legitimidade das eleições vem justamente dessa equidade. Não há um “eleitor melhor” ou mais “valioso” por viver em uma cidade grande. A força de um estado como Alagoas está na pluralidade das suas regiões, e essa pluralidade precisa ser respeitada e reconhecida.
Assim, o voto de quem vive no sertão e enfrenta desafios diferentes, vale tanto quanto o voto de quem vive na república da Ponta Verde ou em outros bairros nobres da capital. A democracia só é plena quando todos os votos são tratados com o mesmo respeito e consideração.
Por Blog do Edivaldo Júnior