Uma das alunas de uma escola particular em Maceió está em tratamento psicológico e psiquiátrico após ter sua imagem manipulada, de forma pornográfica, com uso de Inteligência Artificial (IA). A afirmação é do advogado dela, João Arthur França. Ele afirma que a estudante “está com vergonha de sair de casa” e que a família busca na Justiça uma reparação em âmbito criminal e cível.
A menina, que está na fase da pré-adolescência, é uma das vítimas dos sete adolescentes, que foram alvos de uma investigação da Polícia Civil de Alagoas, segundo o advogado.
De acordo com as autoridades policiais, os adolescentes pegavam fotos de estudantes – colegas deles de escola –, modificavam-nas com uso de IA, transformando-as em imagens pornográficas.
Eles foram indicados a autoria de atos infracionais e responderão pelos crimes de difamação em rede social, montagem e disseminação de imagens pornográficas envolvendo adolescentes e ainda associação criminosa porque, segundo o delegado do caso, Daniel Mayer, eles agiram reiteradamente.
A autoridade policial disse ainda que ao menos 12 alunas procuraram a polícia para registrar Boletins de Ocorrência, afirmando terem sido vítimas do crime.
João Arthur, advogado da família de uma das vítimas, afirmou que a menina está com dificuldades de frequentar a escola.
“Ela está fazendo tratamento psicológico, tratamento psiquiátrico, ela está com vergonha de sair de casa. Maceió é uma cidade que todo mundo se conhece. Então isso está trazendo um constrangimento enorme para ela. Uma dificuldade na manutenção escolar dela”, relatou o delegado em entrevista à TV Pajuçara.
O advogado considerou que os adolescentes agiram como uma organização, criando grupos no whatsApp para esse fim e tentando comercializar as fotos das vítimas por R$ 10.
“Eles fizeram em comum acordo, se organizaram, criaram um grupo no whatsApp, selecionaram as suas vítimas, adquiriram fotos delas através do Instagram, em contatos pessoais. Dentro desses grupos, entre eles, começaram a fazer montagens através da Inteligência Artificial, que nós conhecemos como IA – que ficaram perfeitas, casaram as imagens, apesar de não serem originais –, e começaram a comercializar, vendendo, pasme, por R$ 10 as fotos na internet”, afirmou João Arthur França em entrevista.
Agora, a família quer que os adolescentes sejam julgados criminalmente, mas também respondam na área cível, com indenização.
“Estamos buscando criminalização desses atos praticados, porque eles fizeram como se fossem uma organização criminosa, a comercialização, a divulgação de imagens pornográficas dessas jovens na internet. Também estamos buscando a reparação cível para ela, que teve a sua imagem e sua honra ferida, e também todo esse custeio por questões psicológicas, por tudo isso que ela está passando com sua família”, concluiu o advogado.
O delegado Daniel Mayer disse que os estudantes tentaram comercializar as imagens por R$ 10 e só desistiram quando souberam das investigações policiais, suspendendo também a produção dos conteúdos em março deste ano.
Fonte – GazetaWeb