Ronaldo Lessa, hoje vice-governador de Alagoas, foi o último prefeito de Maceió de um mandato só. Ele deixou a prefeitura em 1996 sem disputar a reeleição, que não era permitida na época, mas conseguiu emplacar sua sucessora.
Kátia Born foi eleita em 1996 e reeleita em 2000, em duas das mais concorridas eleições da história de Maceió.
No primeiro mandato, ajudou a eleger Ronaldo para o governo, em 1998. Ela não conseguiu eleger o sucessor ou ser eleita para qualquer outro cargo depois, embora tenha sido muito popular enquanto estava à frente do cargo.
Quem levou as eleições de 2004 foi um ex-motorista de táxi, que depois de fazer sucesso no rádio virou vereador, deputado estadual e prefeito de Maceió. A primeira eleição foi dura, mas Cícero Almeida venceu no primeiro e segundo turnos.
Ele tornou-se rapidamente no mais popular prefeito da história de Maceió, com uma gestão marcada por pavimentação de ruas e obras de mobilidade. No primeiro mandato, se tivesse deixado a prefeitura para disputar o governo, dizem, teria ganho. Não deixou. Foi reeleito com uma votação esmagadora, praticamente sem adversários para enfrentá-lo em 2008.
Cícero, repetiu Kátia e não fez o sucessor. Quem ganhou foi o então deputado federal Rui Palmeira, que demonstrou ser bom de campanha e levou, com um tanto de sorte, no primeiro turno em 2012.
Rui fez uma gestão boa e, bem avaliado, no auge do primeiro mandato poderia ter sido candidato ao governo ou ao Senado. Preferiu ficar e disputar a reeleição.
Foi reeleito em 2016 num embate com Cícero Almeida, que naquele momento tinha o apoio do governo e era deputado federal.
Palmeira repetiu Born e Almeida e não fez o sucessor. Em 2020, o atual prefeito, João Henrique Caldas, o JHC (PL), ganhou no segundo turno, numa eleição em que a expectativa de vitória era para Alfredo Gaspar. O erro do candidato, dizem, foi juntar a prefeitura e o governo no mesmo palanque. “Pesou muito”, na avaliação dos analistas.
JHC repete a história. Bem avaliado, não deixou a prefeitura para disputar o governo em 2022. Se deixasse, há quem diga, seria hoje o governador de Alagoas.
Agora, vai para a reeleição como favorito. E já tem gente imaginando que ele seguirá os passos de Kátia, Cícero e Rui, ficando na prefeitura até o final do mandato. Até porque, não é fácil ‘largar o osso’ para arriscar uma disputa majoritária estadual, especialmente com a “tradição” que vem se firmando em Alagoas – com o interior sendo decisivo na eleição de governador e senador.
Onde eles andam
Nas eleições deste ano, Kátia Born e Ronaldo Lessa não vão disputar nenhum cargo, embora os dois tenham sido lembrados para disputar vaga de vereadora ou de vice-prefeita e de prefeito.
Cícero Almeida e Rui Palmeira, salvo fato novo, vão à luta. Rui poderia ter sido candidato a prefeito, mas preferiu disputar vaga de vereador. E a razão é simples: “falta estrutura”, o que no popular quer dizer que falta dinheiro.
Almeida tem situação mais complexa. Ele esperava ser convidado a participar da gestão ou mesmo ser chamado a ser vice de JHC ou de outro candidato a prefeito – ele cita o MDB.
Em entrevista em um programa de rádio esta semana, Almeida revelou que existiam especulações sobre sua participação na administração de JHC, seja como secretário ou como vice-prefeito na chapa de reeleição.
A proximidade dele com pessoas do entorno de JHC alimentou suas expectativas de retorno à política através da atual administração. Mas além de uma possível aliança com JHC, Almeida revela que também aguardava um convite do MDB para ser candidato a vice-prefeito. “Quero contribuir com minha cidade, mas se não houve visão estratégica para explorarmos uma candidatura majoritária, acredito que agora não seja viável”, afirmou.
Cícero Almeida é pré-candidato a vereador de Maceió pelo PDT. Foi atendendo convite de Ronaldo Lessa a um “chamado do povo”.
Almeida foi até hoje o prefeito mais popular da história de Maceió, com mais de 80% de aprovação. Agora, não é lembrado para ser vice e certamente não terá uma eleição fácil de vereador.
Desde 2014, quando foi eleito federal (conseguiu ser eleito, mesmo com baixa votação, por uma “conjunção” de fatores), ele não conseguiu sucesso nas urnas. Foi candidato a prefeito em 2016, mas perdeu no segundo turno. Perdeu com baixa votação para estadual em 2018. Foi candidato a prefeito em 2020, ficando em sexto lugar, com 9.905 votos. Em 2022, Almeida desistiu de disputar a eleição.
Se a história se repete, Almeida e Palmeira podem se inspirar em Ronaldo Lessa. Depois de perder para governador em 1986 e ficar sem mandato (ele era deputado estadual), o atual vice-governador conseguiu ser eleito para a Câmara de Vereadores de Maceió com uma votação sofrida. Mas de lá, virou prefeito, fez a sucessora e foi eleito governador duas vezes. Mas essa é outra história.
Fonte – Jornal de Alagoas