Anos atrás escrevi um texto, intitulado “Sobre as doenças da alma”, que foi publicado originalmente no portal Alagoas24horas, expondo – pela primeira vez – a minha experiência com a depressão.
Republico aqui para lembrar – inclusive a mim mesma: a síndrome do pânico, a ansiedade, a depressão… elas têm controle, têm remédio e, em alguns casos, cura.
Segue o texto:
Há vários anos tive síndrome do pânico. Na época, quando a doença ainda não era muito conhecida, passei por uma peregrinação em especialistas médicos. Foi uma verdadeira ‘via crúcis’ em busca de um diagnóstico – a certa altura, estava tão desesperada em não saber o que se passava comigo, que preferia até ouvir o pior a não ouvir nada.
Pelo menos no meu caso, posso resumir a síndrome do pânico em uma sensação, entre tantas outras terríveis: a de morte iminente. Imagine-se acordando daquele pesadelo onde está caindo de uma enorme altura, levando um tiro ou se afogando… A sensação é parecida com essa, exceto pelo ‘alívio’ de acordar. A síndrome do pânico é uma espécie de ‘antessala’ do inferno. É horrível, mas o que vem a seguir parece ser sempre pior.
Taquicardia, falta de ar e de apetite, choro fácil e, como o próprio nome diz, pânico. De nada específico e de tudo ao redor: pânico de morrer antes de chegar ao hospital, pânico de existir, de tomar banho, de comer, de sair de casa… Pânico do real e do imaginário. Do máximo e do mínimo.
Durante os poucos meses (pareceram uma eternidade, é claro!) em que não fui diagnosticada, mas descartaram-se todas as possibilidades clínicas, a tristeza de não entender o que se passava comigo me paralisou e tive depressão.
Muito magra e debilitada física e emocionalmente, uma noite telefonei para a minha avó paterna, a figura que sempre foi meu porto seguro, mas quem atendeu foi uma tia que é médica. Costumo dizer, desde então, que ela salvou a minha vida. No telefone, enquanto ela perguntava o que estava acontecendo, eu só conseguia chorar e repetir que ia morrer. Pior: ia morrer sem saber o que tinha me matado, já que nenhum médico descobria a minha ‘doença terminal’.
Fonte: Cada Minuto | Texto: Vanessa Alencar