Construído no início do século 20, o palacete que abrigou o histórico Hotel Atlântico passou por diversas transformações ao longo dos anos. Inicialmente, foi um quartel general e casa de veraneio, posteriormente um palacete governamental e, por fim, um abrigo para fugitivos políticos. O edifício, parte do patrimônio histórico e arquitetônico da Avenida da Paz, em Maceió, desabou recentemente, deixando detritos, poeira e memórias.
O palacete, localizado na Rua Saraiva, número 103, no Aterro de Jaraguá (atual Avenida da Paz), foi palco de diversas histórias desde sua construção em 1908. Inicialmente, transformou-se em Quartel-general da Inspeção Permanente do Exército em 1910, sob a ocupação do General de Divisão Francisco da Rocha Callado. Mais tarde, na década de 1920, foi alugado ao governo do Estado como casa de veraneio, sendo chamado de Palacete dos governadores, até ser devolvido aos proprietários e inaugurado como o primeiro grande hotel de faixa litorânea de Alagoas.
Na década de 1960, o Hotel Atlântico era bastante movimentado, atraindo a burguesia de Maceió e personalidades como Gilberto Gil e Paulo Gracindo. Em meados de 1975, serviu como abrigo para opositores políticos do regime militar, oferecendo-lhes proteção e discrição, como o advogado e jornalista Jayme Miranda. Em 2023, devido à falta de manutenção, o prédio já se encontrava em estado crítico, levando o detentor dos direitos do imóvel, Willy Miranda, a considerar sua demolição.
No último domingo, parte do edifício desabou, espalhando escombros até a segunda faixa da pista. Felizmente, não houve vítimas, mas devido ao risco oferecido aos transeuntes, a Defesa Civil isolou a área até que a demolição seja finalizada. O bairro do Jaraguá possui 84 tombamentos, reconhecendo o valor histórico e cultural do local. Legislações específicas, como explica a arquiteta e urbanista Thalianne Leal, foram aprovadas ao longo dos anos para preservar edifícios históricos. Essas estruturas não são apenas montantes de cimento e tijolos; são testemunhos materiais do passado da cidade, fundamentais para garantir que gerações futuras possam usufruir desse conhecimento.