A surpreendente declaração de Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, contra o ministro Padilha é a negação do profissionalismo político que imaginava-se que ele havia alcançado.
Ao dizer que Padilha é “desafeto pessoal”, ele foi tudo, menos político – mostrou-se tão somente um coronel interiorano de uma Alagoas que queremos superar.
Sua linguagem chula, no episódio, não deve caber na boca de quem preside um poder da República.
É bem verdade que na sua seara não existem amigos ou inimigos, mas “desafeto pessoal” aponta para a iminência de um gesto nada civilizado, que esperamos que ele não venha a cometer. Adversários políticos não podem ser confundidos com inimigos de sangue e fogo.
As divergências entre os dois são públicas e deveriam ficar, exclusivamente, no campo político, e não descambar para desavenças pessoais, coisa de primatas primitivos.
Para um presidente da Câmara Federal foi, no mínimo, reprovável, colocando Lira no pacote dos mais insanos e intolerantes bolsonaristas.
Civilização é outro papo.
Texto – Ricardo Mota
Fonte – Cada Minuto