Cazuza era, sem dúvida, um exagerado. Cantava e encantava multidões com “ideologia, eu quero uma para viver”. O roqueiro era “doidão” e eu sempre presto muita atenção nos malucos, porque eles não ligam para rótulos, nem para os que mandam. Não sei se a psicologia concorda, mas os loucos são “phoda” porque são sóbrios de alma. Na política, a tradução “livre” do trecho da canção de Cazuza ficaria assim: “ideologia, eu quero uma para sobreviver”.
Na ciência (biologia) o darwinismo partidário também tem uma tradução livre. Segundo Darwin, haveria uma “luta pela sobrevivência” e apenas aqueles com características mais vantajosas poderiam sobreviver e reproduzir-se. Os indivíduos com características menos vantajosas não sobreviveriam às pressões do meio e, consequentemente, não se reproduziriam. E, assim, a política fez nascer os sábios que mandam, desmandam e sobrevivem ao tempo, onde da sobrevivência política nem sempre o mais forte prevalece. Da expertise humana (na política) produziram a chapinha, que faz vencedor com metade do chapão, porque os fracos unidos vencem. Na selva política o chapão vira guilhotina de reputação, históricos de vida e trabalho com ‘serviço prestado’. No final das contas a matemática da política é que 2 + 2 até pode dar 4, por coincidência.
Com relação à ideologia, kkk, essa já não cola na política – faz tempo. Mas a turma se adapta, como pode ser visto em Maceió, Arapiraca, Marechal Deodoro, Pilar, Maragogi e São José da Laje (por exemplo), com filiados do PL indo para o PT, e vice-versa; Do MDB indo para o PP, e vice versa.
Imagine Bolsonaro e Lula, Renan e Arthur. Olhando para os aliados que justificam com a palavra mágica “sobrevivência”. Sim… porque por ideologia já sabemos “há tempo” que não é. Assim, as poucas novidades de última hora na formação das chapas em Maceió e alguns municípios mostram quem manda na organização dos partidos – O PODER!
Como dizia o personagem Fabiano, em Vidas Secas, de Graciliano Ramos “governo é governo”. Graciliano retratava algum local do agreste alagoano. Provavelmente essa máxima ainda persiste.
Teremos uma campanha onde o favorito é o grupo que já está no poder.
Depois das filiações, todos já estão amarrados.
Fonte – Blog do Wadson Regis