O vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, e todo o seu entorno trabalham com um pé em 2024 e outro em 2026, seguindo uma lógica simples na política estadual – a desincompatibilização do governador no último ano do mandato.
Pela tradição da política nacional e estadual, o governador deixa o cargo para disputar o Senado. Paulo Dantas nunca escondeu o desejo de continuar na política após o mandato de governador. Aos mais próximos, no entanto, ele revela que a prioridade é trabalhar para fazer o sucessor a ser escolhido do grupo – formado não por ele, Marcelo Victor, Renan Calheiros e Renan Filho.
Paulo Dantas já avisou que ficará até o final do governo se necessário. E, havendo entendimento para um eventual afastamento, anote, sua opção seria, no cenário atual, disputar um mandato de deputado federal ou deputado estadual, em função do compromisso do grupo com a reeleição do senador Renan Calheiros (MDB).
O vice-governador, que mantém uma relação muito próxima e de muita confiança com o governador, trabalha com o cenário que considera mais provável na tradição política de Alagoas. Com uma das mais longas e bem-sucedidas carreiras na política do Estado,
Ronaldo Lessa tem dado sinais de que está pronto para mais. Aos 74 anos, o vice-governador faz planos para assumir o governo em 2026, em uma eventual desincompatibilização do governador Paulo Dantas do governo.
A desincompatilização, no entanto, não será uma decisão pessoal de Paulo e passa, claro pelo compromisso de Lessa ser ou sucessor ou apoiar o candidato à sucessão – algo muito mais complexo do que aparenta a simples dualidade.
O que vai acontecer? “Só Deus sabe. Nem eu sei”, diz Lessa.
Quebrando a regra
Em Alagoas, a tradição de fim de governo vem sendo quebrada pontualmente nos últimos anos de forma inesperada.
Geraldo Bulhões ficou até o final do governo em 1994. Na sequência, Mano, que era vice e assumiu na renúncia de Suruagy, tentou a reeleição e perdeu para Lessa em 1998.
Lessa tentou o Senado em 2006 e perdeu para Collor. Teotônio Vilela surpreendeu ao desistir da disputa ao Senado e ficar até o fim do governo em 2014.
Renan Filho, em 2022, manteve a tradição e quebrou a regra ao ser o primeiro governador, em 30 anos, a deixar o governo e ser eleito ao Senado.
A opção de Paulo deixar o governo, claro, passa por um entendimento com Ronaldo Lessa. Um entendimento que vai além dos dois e terá que atender aos projetos de todo o grupo. Mas essa é outra história.
Fonte: Blog do Edivaldo Júnior