Na última quarta-feira (13), Rodrigo Cunha (Podemos), senador por Alagoas, participou de um encontro do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, com lideranças do seu ex-partido, no Hotel Ponta Verde, em Maceió. O senador aproveitou a ocasião para afirmar que já solicitou ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) que encaminhe o relatório que incrimina a mineradora, por negligência no monitoramento e na manutenção das minas de sal-gema, em Maceió pra a CPI da Braskem no Senado.
“Tomei conhecimento, por meio da imprensa, quando esse relatório veio à tona no começo do mês, mas até então não era do meu conhecimento”, afirmou Cunha, em um
Rodrigo foi eleito senador pelo PSDB em 2018, após uma derrota para eleições para governo, Cunha pulou para o União Brasil e agora está filiado ao Podemos. Porém, continua muito próximo aos antigos aliados tucanos. Por isso, fez questão de se encontrar com Perillo, em sua passagem por Maceió.
Em entrevista à Tribuna Independente, ele disse que o relatório do Confea é muito importante, até porque acusa a Braskem de abandonar as minas desativadas e de desligar as bombas de pressurização para economizar energia, quando a companhia elétrica passava a comprar o consumo pela bandeira vermelha.
“A minha prioridade é dar voz às vítimas da Braskem. Por isso, apresentamos novos requerimentos, aprovados pela Comissão, para iniciarmos uma série de depoimentos das mais importantes personagens vítimas desse crime ambiental cometido pela mineradora em Maceió”, afirmou Cunha.
De acordo com a assessoria, serão convocadas lideranças dos moradores dos bairros que afundam e da região dos Flexais, em Bebedouro. “Atendendo à demanda de Rodrigo Cunha, os senadores membros da CPI aprovaram o convite a Geraldo Vasconcelos, coordenador do Movimento SOS Pinheiro, e a José Fernando Lima Silva, presidente da Associação dos Moradores do Bom Parto”, informou.
“Mais representantes de moradores devem ser também convidados a narrar o impacto negativo e danoso da atividade mineradora da Braskem em suas vidas”, acrescentou.
“O que queremos é justiça e precisamos dar voz às vítimas. São milhares de famílias que não perderam somente suas casas. São pais, mães, filhos, avós e avôs, comerciantes, empreendedores, parentes e amigos que, de uma hora para a outra, foram obrigados a abandonar suas residências, suas memórias, suas relações com os lugares em que nasceram, cresceram e viviam. São seres humanos que sofreram abalo emocional imenso. São milhares de histórias de vidas prejudicadas”, afirmou o parlamentar.
“Mineradora causou dano psicológico e sofrimento financeiro sem precedentes. Um cenário de caos na habitação, no trabalho, na vida escolar e na sobrevivência dos moradores, que precisam ter voz e precisam ser ouvidos. Por este motivo, convidamos Geraldo Vasconcelos e José Fernando Lima Silva, e vamos ampliar o alcance desta escuta convidando ainda mais representantes de quem vivia na região”, acrescentou Rodrigo Cunha.
Rodrigo Cunha é o único senador alagoano que atua como titular da Comissão, presidida pelo senador Omar Aziz (PSD) e com relatoria do senador Rogério Carvalho (PT/SE). A assessoria do senador informou ainda que as presenças dos representantes dos moradores terão as datas agendadas pelo colegiado da Comissão. Os trabalhos da CPI acontecem nas terças e quartas-feiras no Senado Federal.
De acordo com a coordenadora do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, Neirevane Nunes, pelo menos três integrantes do MUVB foram convocados para depor na CPI da Braskem, “mas ainda não há uma data definida”.
“A professora-doutora Camila Prates também foi convocada pela CPI, mas ela será ouvida como representante da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e não pelo MUVB”, acrescentou Neirevane.
“Eles (os convocados) estão se organizando e preparando os documentos mais importantes para serem apresentados à CPI da Braskem, durante os depoimentos, no Senado”, concluiu.
*com Tribuna Independente