O ex-presidente Jair Bolsonaro optou pelo silêncio em seu depoimento à Polícia Federal sobre a trama golpista de 2022, com a oitiva durando cerca de 15 minutos. Na saída, seu advogado, Fábio Wajngarten, afirmou que Bolsonaro nunca foi favorável a movimentos antidemocráticos, contrariando a acusação em questão.
A defesa justificou a decisão de Bolsonaro de ficar calado alegando falta de acesso integral aos autos, argumento contestado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que rejeitou pedidos de adiamento, destacando que o investigado teve acesso a todas as diligências e provas. Entretanto, Bolsonaro não teve acesso à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ainda em andamento.
O depoimento faz parte da Operação Tempus Veritatis, iniciada em 8 de fevereiro para investigar uma conspiração golpista visando impedir a posse de Lula. A PF identificou uma minuta golpista que previa a prisão de Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco. Bolsonaro teria solicitado ajustes no documento, retirando alguns nomes e mantendo o de Moraes, além de planejar novas eleições.
O ministro Moraes também levou à público uma reunião ministerial realizada por Bolsonaro em julho de 2022, evidenciando uma dinâmica golpista na alta cúpula do governo, com os participantes validando desinformações e narrativas fraudulentas sobre eleições e instituições.