Luís Carlos de Oliveira, 57, trabalha, trabalha e trabalha. Ele quer voltar para casa antes do dia 25 de março, o seu aniversário, para sentir que essa é sua chance de recomeço.
Com roupas surradas, mãos sujas e um dedo cortado, ele está vivendo no Distrito Industrial de Maceió desde dezembro de 2020, dentro de um caminhão Scania.
Luís e o caminhão têm uma história de amor e parceria, afinal estão entrelaçados por bons momentos, mas também os piores, como esses últimos anos. Já foram três AVC até aqui, todos no espaço de menos de dois metros quadrados.
“Só me restou o caminhão. Ele é a minha casa. Tenho uma cama, TV, ventilador, algumas roupas. Tomo meu remédio para pressão, mas está faltando. Preciso fazer alguns procedimentos, até nos dentes que já se estragaram, mas quero é recuperar o meu amigo para cair na estrada novamente”, conta.
Ele quase desistiu, mas só quase. Teve chances de abandonar tudo, inclusive aquele que até um ano atrás era seu único amigo, mas não quis ser um peso para os filhos. Sua companheira faleceu durante a pandemia.
Sua história ganhou solidariedade nas redes sociais e assim apareceram pessoas dispostas a ajudá-lo, como os vizinhos da praça onde estacionou o caminhão e o mecânico Manoel Oliveira, 55, e seu auxiliar Luis Felipe Bezerra, 26.
Os amigos e as redes sociais o fizeram querer continuar para voltar a Linhares, no Espírito Santo, sua cidade natal. Em Maceió, gambiarras o ajudam a sobreviver: uma pessoa lhe cedeu um banheiro, a cozinha é na própria estrutura do veículo e a energia é puxada de um estabelecimento na rua.
Fonte – GazetaWeb