Ângela Maria Matias de Arruda é moradora do Conjunto Padre Pinho, localizado no bairro do Bebedouro em Maceió há 30 anos e, desde dezembro de 2023, está passando por uma situação complicada, quando uma cratera abriu-se na entrada de sua casa e vem aumentando de tamanho desde então.
Uma mina d’água tem provocado erosões no solo e, hoje, uma cratera de 1,2m de profundidade e pouco mais de 1,5m de diâmetro ocupa a entrada da casa simples, de número 54, em que Ângela vive sozinha, após a saída de sua única filha devido ao temor do que pode acontecer.
Segundo ela, ela percebeu o afundamento do solo em dezembro do ano passado e, logo em seguida, o chão se rompeu, formando um pequeno buraco onde hoje está a extensa cratera.
Uma vala foi aberta para escoar a água para a rua, em direção ao riacho próximo, mas outras 10 famílias moradoras de uma vila vizinha temem que a situação atinja também as suas residências.
“Eu não tenho para onde ir. Minha filha casou, foi para uma casa de dois cômodos, no Rosane Collor, eu não tenho como ir para lá e deixar minha casa aqui. Foi aqui que eu realizei meu sonho, há 30 anos, quando comprei esse imóvel. Ele era todo enxutinho, seco, mas desde 2018 está úmido e agora eu tenho um buraco cheio d’água na porta de casa”, lamenta a moradora.
A data apontada por Ângela coincide com os primeiros tremores de terra causados pela mineração da empresa Braskem, em Maceió. O bairro do Bebedouro foi um dos principais atingidos e grande parte da população foi obrigada a deixar as suas casas, mas a região do Conjunto Padre Pinho, está fora do mapa de risco definido pela defesa civil municipal.
Ela aponta que foi em 2018, começaram a aparecer rachaduras em sua casa, entre as paredes. A situação foi contornada de forma paliativa por Ângela, que fez diversos reparos colocando vigas e argamassa quando os cortes nas paredes apareciam.
“Não tenho como gastar mais dinheiro e não adianta mais, como o solo está todo encharcado embaixo, a tendência é rachar cada vez mais”, explicou.
Ângela sobrevive com cerca de R$700 reais de auxílios governamentais. Ela levou o caso à Defensoria Pública do estado de Alagoas, que prometeu investigar.
Ela disse também que a Defesa Civil de Maceió condenou a casa após o órgão ser acionado para apurar a situação.
A luta de Ângela, agora, é para conseguir uma indenização justa e o quanto antes, uma vez que o risco de que o risco de colapso da estrutura da casa aumenta diariamente. “Nem os remédios que eu tomo para dormir estão dando conta, estou há dias sem dormir, perdi o natal e o ano novo porque não consegui sair de casa”.
Fonte – Jornal de Alagoas