O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não apenas se destacou pela ausência no evento desta segunda-feira (8) no Congresso, que marcou o aniversário dos atos antidemocráticos protagonizados pelos bolsonaristas ao invadir a Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro do ano passado, mas também liderou o boicote do centrão à manifestação em defesa da democracia promovida pelos presidentes do Legislativo, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do Judiciário, Luiz Roberto Barroso.
Arthur Lira, junto com boa parte dos deputados do centrão, associou-se aos parlamentares e governadores bolsonaristas para se ausentar do evento. Conforme revelou a colunista Natália Portinari no UOL, coincidentemente na quarta-feira passada (3), antes de deixar Alagoas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Arthur Lira na cidade de Barra do São Miguel, cujo prefeito, Benedito de Lira, é pai do presidente da Câmara. Bolsonaro e Lira conversaram por cerca de uma hora.
Embora Arthur Lira alegue problemas familiares como motivo para sua ausência no evento, há outros motivos que ele não admite. Um deles é o receio de que o evento se torne um ato pró-PT. Além disso, Lira busca o apoio do governo para o candidato que escolherá como seu sucessor na presidência da Câmara, já que está no último ano de mandato, período em que os líderes da Câmara geralmente perdem poder junto a seus pares.
Atualmente, seu favorito para a sucessão é Elmar Nascimento (União Brasil-BA), mas ele enfrenta oposição do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), e do líder do PSD, Antonio Brito (BA). Arthur Lira planeja repetir a estratégia de Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado, elegendo seu sucessor e mantendo influência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Além disso, Lira estica a corda com o Planalto por não concordar com o veto do presidente Lula ao projeto, aprovado pelo Congresso, de desoneração das folhas de pagamento de 17 setores empresariais. Ele busca derrubar a medida provisória editada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em substituição ao texto aprovado. Dessa forma, o boicote ao ato em defesa da democracia faz parte da estratégia do centrão de criar obstáculos para obter benefícios do Palácio do Planalto. (Tales Faria – colunista do UOL)
Fonte – Extra