A educadora Maria de Fátima, 65, era fumante desde a adolescência. A tosse seca, o pigarro, falta de ar e recomendações médicas para parar de fumar não foram suficientes para se conscientizar do risco. No último final de semana ela morreu. Estava magrinha, quase não se alimentava e fumava sem parar, conforme relato de parentes. Histórias como esta são comuns. Para se ter uma ideia, no Brasil, estima-se 32.560 novos casos de câncer de pulmão para cada ano do triênio 2023-2025. Em Alagoas, no mesmo período, a estimativa é de 290 novos casos de traquéia, brônquios e pulmão.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) não dispõe de dados de incidência, já que o câncer não é uma doença de notificação obrigatória. Porém, o Inca publica a cada três anos as estimativas de câncer do triênio. A atual é de 2023 a 2025. Segundo o instituto, o câncer de pulmão é o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros e o quarto entre as mulheres.
Quanto à mortalidade, no ano de 2021 foram contabilizados 28.868 óbitos por câncer de brônquio e pulmão no Brasil e 272 em Alagoas. O fato é que nas fases iniciais, o câncer de pulmão raramente apresenta sintomas. Por ser silencioso enquanto progride para fases mais avançadas, dificulta o diagnóstico precoce.
A especialista Maria Aparecida Rego, diretora médica de Oncologia da MSD Brasil, esclarece que além dos fumantes, pessoas expostas a poluentes ambientais, radônio, amianto e outras substâncias químicas têm um risco aumentado de contrair a doença. Histórico familiar, exposição passiva ao tabaco e condições pulmonares prévias também são fatores de risco.
Em relação à prevalência global e no Brasil, os dados não são animadores. O câncer de pulmão, segundo as estimativas do Inca de 2023, é o terceiro mais comum em homens (18.020 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (14.540 casos novos) – sem contar o câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. A mortalidade é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres segundo estimativas mundiais de 2020, que apontou incidência de 2,2 milhões de casos novos, sendo 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres.
A médica faz um alerta. Indivíduos do sexo masculino têm uma prevalência maior, principalmente devido a uma maior frequência de tabagismo. Entretanto, o câncer de pulmão em mulheres está em ascensão, muitas vezes associado ao aumento do tabagismo entre elas. ”A prevenção primária envolve evitar o tabagismo e a exposição a substâncias carcinogênicas. Educação sobre os riscos do tabaco, promoção de ambientes livres de fumaça e regulamentações governamentais são cruciais”, afirmou.
Já o cuidado com pacientes diagnosticados com câncer de pulmão envolve uma abordagem multidisciplinar com oncologistas, cirurgiões, radiologistas e enfermeiros. O tratamento específico dependerá do estágio da doença e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
Aparecida Rego aconselha que a prevenção é fundamental. “Evite o tabaco e ambientes contaminados. Realize exames regulares, especialmente se houver fatores de risco. A detecção precoce melhora significativamente as chances de tratamento bem-sucedido. Eduque-se sobre os sintomas e consulte um profissional de saúde se houver preocupações”, disse ao acrescentar que o apoio emocional também é crucial durante todo o processo.
A maioria dos cânceres de pulmão não provoca sintomas até o estágio avançado. Porém, os mais frequentes são: tosse, tosse com expectoração mucosa, tosse com expectoração com sangue, dor no peito, rouquidão, perda de apetite, perda de peso inexplicada, falta de ar, fadiga e infecções respiratórias de repetição. Quando a doença já se disseminou para outros órgãos podem provocar dor óssea, alterações no sistema nervoso, icterícia, nódulos próximo à superfície do corpo.
Fonte – Extra