O auditório do Conselho Regional de Medicina (CREMAL) no Pinheiro ficou pequeno para comportar as vítimas da maior tragédia ambiental do país: o afundamento do solo em Maceió. Mais de 300 pessoas compareceram à primeira etapa do Seminário Regional, realizado pela Comissão de Acompanhamento do Afundamento do Solo, coordenada pelo deputado federal Alfredo Gaspar (União-Alagoas), na manhã desta segunda-feira (25).
O seminário, que é uma iniciativa da Câmara dos Deputados, ouviu as lideranças que representam as mais de 55 mil vítimas dos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Flexal. Os convidados tiveram a oportunidade de contar suas histórias e de cada morador que eles representam, tratando desde o momento do primeiro colapso, as negociações e a atual situação após 5 anos desse grande desastre que destruiu parte da capital alagoana.
“Esse grupo de trabalho é a apartidário, é uma luta pelas vítimas dessa tragédia. E hoje, estamos aqui para cumprir uma etapa importante da nossa Comissão, que foi dar voz para quem mais precisa, foi ouvir as dores de tudo aquilo que tem sido ocasionado pela empresa Braskem, que é a grande responsável pela situação que milhares de maceioenses estão passando”, afirmou o coordenador da Comissão, deputado Alfredo Gaspar.
Durante todo o evento, as vítimas se sentiram a vontade para relatar suas histórias, independes de estarem na lista de convidados, como foi o caso da dona Sônia Ferreira, que muito emocionada relatou a preocupação de estar vivendo numa casa rachada após o colapso do solo. “São cinco anos vivendo com medo. São cinco anos que minha vida e da minha família mudou. Apesar de morar no Bom Parto, de estar com a casa toda rachada, por causa de apenas três casas ficamos fora da área de risco. Mas minha casa esta caindo e nada é efeito. Vivo de remédio controlado, e com receio de morrer. É preciso que olhem pela gente”, desabafou.
Outro depoimento emocionante foi da presidente da Comissão SOS pelos Nossos Direitos, Ednete Alves. “Estamos afundando em lágrimas junto com o solo dos bairros de Maceió. Desde que tudo começou não paramos de lutar por nossos direitos e não vamos parar. A nossa população pede socorro, estamos sofrendo há 5 anos e hoje, estamos tendo a chance de ser ouvidos”, disse.
O evento teve presença do membro titular da Comissão, deputado federal Fábio Costa (PP), dos vereadores de Maceió Leonardo Dias, Rodolfo Barros e Oliveira Lima, o deputado estadual Leonam Pinheiro, representando o prefeito de Maceió, o secretário do Gabinete Civil de Maceió, Felipe Lins, Mourinha, coordenador executivo institucional do gabinete do prefeito de Maceió, Rui Palmeira, secretário estadual de infraestrutura, Eduardo marinho Secretário de convívio social do município de Maceió e o presidente do CREMAL, Fernando Pedrosa.
Pela manhã, foram ouvidos no Seminário Regional:
- Marcelo Alves, Presidente do Instituto Associativo dos Pais e Amigos do Farol – IAPAF;
- Yves Maia, Advogado do CREMAL;
- Da Paz, Presidente da Comissão Maceió Comunidades Afetadas;
- Maria Rejane Santana, Presidente da Comissão SOS pelos Nossos Direitos;
- Ednete Alves, Comissão SOS Pelos Nossos Direitos;
- Adilson Araújo, Advogado de moradores das regiões afetadas;
- Fernando Lima, Presidente da Associação de Moradores do Bom Parto;
- Augusto Cícero da Silva, Presidente da Associação Comunitária dos Moradores de Bebedouro;
- José Ricardo Batista, Presidente da Associação de Moradores da Gruta do Padre e Adjacências;
- Rogério Rodrigues, Representante dos mutuários da CAIXA;
- Rubens Fidelis, morador do Mutange;
- Abelardo Pedro Nobre Júnior, Coordenador-Geral da Secretaria Adjunta Especial de Defesa Civil da Prefeitura de Maceió;
No segundo horário, o evento segue ouvindo os órgãos públicos que atuaram junto às vítimas e trataram com a empresa na época da tragédia ambiental.