Ao comentar a notícia de que a Polícia Federal fará um “pente-fino” em todas as movimentações conduzidas por contas relacionadas à organização da Lava Jato, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a operação resultou em “golpismo, fascismo e genocídio”.
“Que se faça uma devassa criteriosa nos recursos manipulados pela gangue na avidez desmedida pelo poder. Deu no que deu: golpismo, fascismo e genocídio”, escreveu Calheiros em seu perfil no Twitter.
O senador ainda lembrou da pena de censura aplicada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ao então procurador da República Deltan Dallagnol por ter se manifestado no Twitter contra a eleição de Renan Calheiros à presidência do Senado, em 2019. Na época, os conselheiros entenderam que as mensagens do procurador configuraram falta funcional de quebra de decoro.
“Consegui punir esse pivete no CNMP quando ainda se achava poderoso”, publicou Calheiros.
“Pente-fino” em dinheiro movimentado pela Lava Jato
A Polícia Federal foi instruída a intensificar a apuração, sobretudo diante da suspeita de que o grupo em Curitiba acumulava poderes. Não há uma solicitação da quebra de sigilo das contas pessoais dos procuradores ou do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro, mas a situação pode mudar caso os resultados da primeira fase indiquem qualquer tipo de irregularidade.
Segundo divulgou o Uol nesta terça-feira, 25, o ofício foi enviado pelo gabinete do ministro para a 13ª Vara Federal, em Curitiba, onde já existe um procedimento estabelecido pela Conselho Nacional de Justiça para apurar como os procuradores da Lava Jato conduziram os trabalhos. Fontes do site afirmam que contas judiciais ainda estão abertas e há recursos também aguardando definição na Suíça.
O Uol havia revelado, na semana passada, que o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol negociou em sigilo com as autoridades norte-americanas um acordo para dividir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades por causa da corrupção. A negociação não envolveu a CGU (Controladoria-Geral da União), o órgão competente por lei, para o caso.
A Petrobras fecharia um acordo com os Estados Unidos mais de dois anos depois, aceitando pagar uma multa de 853,2 milhões de dólares para não ser processada. O acordo garantiu o envio de 80% do valor ao Brasil —metade do montante milionário seria destinado a um fundo privado que a própria Lava Jato tentou criar e não conseguiu. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu a criação do fundo a pedido da PGR. O dinheiro foi destinado à Amazônia e, agora, o CNJ investiga o caso.
Os encontros e negociações ocorreram sem pedido de assistência formal e foram comprovados por documentos oficiais do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, obtidos pelo Intercept para além dos diálogos da Vaza Jato. Durante as conversas e visitas, os procuradores da Lava Jato sugeriram aos americanos maneiras de driblar um entendimento do STF que permitisse que os EUA ouvissem delatores da Petrobras no Brasil.
Deltan usou as redes sociais para se pronunciar. Segundo ele:
Negociações de acordos sempre foram tratadas de modo confidencial por várias razões de interesse público, que incluíam preservar os interesses da investigação e da recuperação de ativos, assim como promover, na forma e tempo apropriado de acordo com a lei das sociedades anônimas, a divulgação de informações ao mercado.
O acordo entre MPF e Petrobras teve por objeto direitos difusos, o que, de modo contrário ao que supõe o jornalista, é de atribuição do MPF e não da CGU, o que é mais uma evidência da falta de apuração e contexto com que os jornalistas têm abordado os assuntos tratados nas supostas mensagens.
Os procuradores da Lava Jato não reconhecem as supostas mensagens obtidas mediante crimes, sem autenticidade atestada e usadas sem critérios éticos por diversos jornalistas, que têm divulgado atividades legítimas de funcionários públicos de modo deturpado, sem apuração adequada do contexto e fechando os olhos para a gravidade dos crimes contra direitos fundamentais praticados por hackers.
Fonte – Extra