Com sua bolsa larga rosa pink e detalhes de um desenho animado, Amara Gomes Andrade da Silva, de 78 anos, estudante da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), chega animada e a passos rápidos para mais um dia de aula na Escola Municipal Lenilto Alves, localizada no Jacintinho.
A pequena Amara, que deixou o sonho de estudar quando ainda estava na 2ª série do ensino fundamental em uma escola pública da cidade, para ajudar seus pais, hoje comemora ter aprendido a escrever seu primeiro nome. “Falta o resto, mas aos poucos estou conseguindo. Foi uma alegria tão grande quando eu escrevi pela primeira vez, pulei de felicidade”, descreve a estudante, que também comentou que não gosta de faltar, está todos os dias na sala, e sempre faz as atividades de casa.
“Depois de fazer o meu nome, eu consegui escrever ‘Jesus eu te amo’. Foi difícil. Para conseguir eu tive que juntar letra com letra e acabei preenchendo uma folha toda com essa frase, passei a noite toda fazendo isso em casa. E não foi tarefa da escola não, foi eu mesmo que quis. Às vezes nem durmo porque eu faço todas atividades. Estou aprendendo ainda. No interior, a gente só sabia pegar nas enxadas, hoje a gente pega na caneta”, diz, sorridente, a idosa-menina, que se auto-elogia ao comentar que ninguém faz farinha de mandioca melhor do que ela.
A estudante relata que, quando parou de estudar na infância, esqueceu tudo e não aprendeu a escrever nem a ler. “Minha mãe chegava tão cansada do serviço e eu ficava triste por isso. Acabei deixando a escola e me dedicando em casa. Fiquei nervosa, começava a chorar, porque eu pegava um livro que tinha lá, tentava, mas depois deixava para lá”, diz Dona Amara com as memórias visíveis nos olhos.
Fonte – Correio dos Municípios