Seguindo um roteiro combinado com seus “conselheiros”, Mauro Cid, fez do silêncio sua defesa.
A estratégia pode não ter sido a melhor. Primeiro a inquirir o militar, acusado de envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) disse que, no caso dele, o “silêncio fala”.
O deputado “emparedou” o ex-ajudante de ordens: “Ainda que o senhor se cale, coronel Mauro Cid, o seu silêncio para mim fala muito. Ele é como um grito no ouvido de todos que defendem a verdade e de todos que defendem a democracia”, disse.
“O senhor está sendo investigado por todas as atrocidades que nesse momento estão ligadas ao ex-presidente, desde a indébita das joias sauditas, passando pela falsificação dos cartões de vacina e a possível, a tentativa de golpe de estado”, continuou.
Em seguida, Brito inquiriu:
– “Por qual motivo os senhores queriam afastar os ministros do Supremo do TSE?”
– “O que o ex-presidente não fez, deixou de fazer por não confiar no alto comando do exército?”
– “O que o alto comando do Exército fez para perder a confiança do ex-presidente?
– “É interessante, porque em todo canto que a gente mexe surge o nome e a participação do senhor, quando o caso da falsificação do cartão de vacina do ex-presidente veio à tona, ele atribuiu toda a culpa e autoria ao senhor em depoimento a Polícia Federal, nesse caso específico do roteiro do golpe, a culpa também é toda do senhor?
Ante o silêncio, em todas as perguntas, Brito emendou: “por tudo que temos visto e ouvido aqui nessa CPMI, cada dia fica mais claro e cristalino que testaram as instituições e tentaram sim um golpe do Estado, mas deram de cara num paredão, não um paredão de fuzilamento, mas das instituições do povo de bem e do seu patrimônio mais caro que é a democracia”.
O silêncio de Cid
Amparado por um habeas corpus, o tenente-coronel do Exército, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu não responder aos questionamentos dos membros da CPMI do 8 de Janeiro.
Foram mais de oito horas de inquirições. O militar repetiu diversas vezes, na reunião desta terça-feira (11), que recorreria ao direito de permanecer em silêncio já que é alvo de oito investigações do Poder Judiciário, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Mauro se limitou a dizer que não tinha ingerência em demandas encaminhadas a ele pelo presidente e seu entorno, declarando que, no trabalho de ajudante de ordens, não tinha qualquer poder de decisão. E e calou sobre supostas conexões com participantes dos ataques ou com os financiadores dos atos golpistas.
Ele está preso desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. Entre os inquéritos a que responde, estão os que se referem à possível participação na articulação golpista e na invasão das sedes dos Poderes da República, em Brasília.
(com Agência Senado)
Fonte – Blog do Edivaldo Júnior