Em nota (veja abaixo) a prefeitura de Maceió avisa que não queria que fosse decretada emergência na cidade por conta dos estragos das fortes chuvas que caíram nos últimos dias.A nota foi divulgada após o governo de Alagoas informar que incluiria a capital na situação de emergência.
Esse, ao que parece, é mas um episódio da briga – que cada vez mais ganha ares de tolice – entre o grupo do prefeito JHC (PL) e do governador Paulo Dantas (MDB).
Um diz que não quer a ajuda do outro. O clima de disputa ente ambos só aumenta.Mas, nesse caso, é preciso ficar atento. Via de regra, quem perde nessa briga é o povo. O cidadão, que precisa do trabalho conjunto do Estado e da prefeitura, seja no dia a dia ou em momentos de emergência, termina pagando a conta.
É fato. A situação na capital é bem mais amena do em outras cidades, a exemplo de Atalaia. Com pouco mais de 300 desabrigados ou desalojados na cidade, a prefeitura conseguiu dar conta do atendimento, sem precisa recorrer ao Estado ou ao governo federal.
Em tese, a prefeitura não queria a emergência porque não precisaria de recursos federais para atuar nas ações emergenciais.
O decreto veio ainda assim, por “gravidade”, de cima para baixo – e cirúrgico. O governo do Estado, explica um interlocutor palaciano, tem por obrigação agir no atendimento às vítimas, além de atuar, quando necessário, em obras ou reparos emergenciais.
“O governo de Alagoas não vai receber nenhum recurso federal por conta do decreto, mas ele irá permitir por exemplo a distribuição de cestas básica e colchões a desabrigados de Maceió, como foi feito com famílias no Vergel do Lago, por exemplo, nesta segunda-feira”, aponta.
Para refletir
Tem horas que as diferenças devem ficar de lado. A tragédia as vezes consegue aproximar as pessoas. E quantos mais aparecerem para ajudar, melhor. Toda ajuda é bem-vinda. Que Paulo e JHC tentem superar as diferenças da política e, na sua obrigação como homens públicos, consigam estabelecer um diálogo mínimo, afinal os dois cuidam diretamente da vida de mais de quase u milhão de pessoas que vivem em Maceió e precisam, todos os dias da prefeitura e do governo do Estado.
“Cirúrgico”
Na briga com JHC, Paulo Dantas decidiu publicar o decreto de emergência em Maceió mesmo “desagradando” o prefeito. O governador, no entanto, foi “econômico” e restringiu o decreto basicamente a área de competência de atuação do Estado.
Veja os trechos:
Art. 1º Fica declarada a situação anormal, caracterizada como Situação de Emergência, em razão das Chuvas Intensas, por um período de 180 (cento e oitenta) dias, no município de Maceió. Parágrafo único. A situação de anormalidade, caracterizada como desastre de nível II, é válida apenas para as áreas dos municípios constantes no caput deste artigo, comprovadamente afetadas pelo desastre, conforme prova documental estabelecida pelos respectivos Formulários de Informação de Desastre – FIDE.
Art. 2º Os órgãos estaduais localizados nas áreas atingidas, competentes para a atuação específica, adotarão as medidas necessárias para o combate à Situação de Emergência, em conjunto com os órgãos municipais.
Veja a nota
Maceió foi incluída pelo Governo de Alagoas na lista de cidades em situação de emergência em decorrência das chuvas em decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta segunda-feira (10). Agora são 32 cidades em situação de emergência no Estado.A Prefeitura de Maceió afirmou, em nota, que não havia necessidade de inclusão do município no decreto de emergência.
Confira a nota, na íntegra:
“A Prefeitura de Maceió tem feito todos os esforços para atender as pessoas que foram atingidas pelas fortes chuvas, que têm provocado tantos estragos no estado de Alagoas e em parte do litoral nordestino. Desde 2021 o município desenvolve o programa Previne Maceió, que atua durante o ano inteiro com ações de planejamento e prevenção. Foi implementado um conjunto de ações, que envolve todas as secretarias, minimizando os efeitos do período e garantindo assistência à população que mais precisa.
A Prefeitura reforça que decretos de emergência são bastante graves e só devem ser adotados diante de situações extremas. A gestão trabalha com seriedade e entende que esse padrão de decreto não deve ser assinado apenas visando extrair recursos da União ou do Estado. A cidade está preparada para o que se apresentou até o momento. O decreto de emergência é para quem precisa e muitos municípios alagoanos foram severamente afetados por enchentes. Maceió continuará trabalhando, alerta, e mantendo a população informada sobre os fato.”
Desabrigados
De acordo com levantamento, em todo o Estado 25.313 pessoas foram atingidas pelas chuvas. São 3.650 desabrigados e 21.662 desalojados. Uma morte foi registrada em Joaquim Gomes.Municípios afetados: Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Branquinha, Cajueiro, Capela, Colônia Leopoldina, Coqueiro Seco, Flexeiras, Ibateguara, Jacuípe, Joaquim Gomes, Matriz de Camaragibe, Maceió, Marechal Deodoro, Maragogi, Murici, Paulo Jacinto, Paripueira, Passo de Camaragibe, Penedo, Pilar, Porto Calvo, Quebrangulo, Rio Largo, São José da Laje, São Miguel dos Milagres, Santana do Mundaú, Satuba, São Luís do Quitunde, São Miguel dos Campos, União dos Palmares, Viçosa.