O governo reagiu rápido à revelação de VEJA de que uma varredura da Polícia Federal num celular do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, encontrou documentos, estudos e até um detalhado roteiro que previam a anulação das eleições, o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a decretação de uma intervenção militar. Tudo com o objetivo de manter o capitão no comando do país.
Na sexta-feira 16, um dia após a divulgação da reportagem, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, se reuniram com Lula e comunicaram ao petista que o coronel Jean Lawand Júnior, que suplicou a Mauro Cid para convencer Bolsonaro a dar um golpe de Estado, não assumiria mais uma representação militar em Washington, nos Estados Unidos, para a qual foi indicado em fevereiro.
Eles também convenceram Lula de que qualquer sanção mais severa a militares, como a expulsão da corporação, dependerá das apurações em curso no Supremo e terão de respeitar o devido processo legal. O petista concordou. Ele quer punição aos militares envolvidos em aspirações golpistas, mas, ao tempo tempo, trabalha para evitar uma crise institucional com as Forças Armadas. Apesar da sede de vingança, Lula sabe que não vale a pena bater de frente com a corporação, que, apesar de sua postura legalista, não morre de amores por ele.
Fonte – VEJA