Para o deputado federal Daniel Barbosa, o desenvolvimento sustentável precisa ser prioridade das pautas públicas nacionais e internacionais, em nome da sobrevivência do planeta.
Em artigo publicado nesta segunda-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, o parlamentar alagoano defende as práticas ambientalmente responsáveis e prega a união da sociedade para enfrentar os desafios do Século XXI, especialmente a desigualdade social.
Confira o texto na íntegra:
Em 1968, um grupo de pessoas notáveis, preocupadas com o futuro da humanidade e do planeta Terra, com apoio da Fundação Agnelli e lideradas pelo industrial italiano Aurelio Peccei e pelo cientista escocês, pioneiro do movimento de desenvolvimento sustentável, Alexander King, se reuniu na Accademia Nazionale dei Lincei, para debater temas relacionados à política, à economia e ao meio ambiente.
Nascia o Clube de Roma, uma espécie de laboratório de ideias ou centro de reflexões, composto de mais de cem personalidades das mais diversas áreas do conhecimento, com o propósito de estabelecer soluções para questões complexas e promover iniciativas e ações políticas de longo prazo em prol do bem-estar social e do enfrentamento das emergências ambientais.
Em 1972, o Clube de Roma apresentou ao mundo um grande relatório científico elaborado por uma equipe de pesquisadores do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts que alertava sobre os riscos do crescimento desenfreado para a sobrevivência do planeta. Nos dias 5 a 16 de junho desse mesmo ano foi realizada em Estocolmo, na Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, marco histórico na luta contra os problemas ecossistêmicos. Nascia o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Nesse conclave de 1972, os países em desenvolvimento divergiram sobre a imediata redução do ritmo da industrialização, tese defendida pelos países desenvolvidos. O ministro Costa Cavalcanti, chefe da delegação brasileira, reproduzindo a essência do crescimento a qualquer preço, declarou que era necessário “desenvolver primeiro e pagar os custos da poluição mais tarde”. Deu no que deu.
Na madrugada de 3 de dezembro de 1984, a fábrica norte-americana de pesticidas Union Carbide despejou quarenta toneladas de gases tóxicos sobre a cidade de Bhopal, na Índia, atingindo quinhentas mil pessoas e matando mais de vinte e sete mil. No dia 26 de abril de 1986, um reator da Usina Nuclear de Chernobil, na extinta União Soviética, explodiu e contaminou a atmosfera com material radioativo, provocando um acidente de grandes proporções que alcançou vários países, matou milhares de pessoas (alguns estudos sugerem número superior a cinquenta mil) e até hoje gera malefícios ao meio ambiente.
No Brasil, podemos citar, entre outras tragédias ambientais, o derramamento de um milhão de litros de óleo na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, causado pela Petrobras no ano 2000. Há quatro anos, em Brumadinho, Minas Gerais, aconteceu o rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da empresa Vale S.A., matando centenas de pessoas e causando grandes danos à natureza.
Em fevereiro de 2018 a terra tremeu na cidade de Maceió, Alagoas. Era o solo de quatro bairros afundando (Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto), resultado da criminosa extração de sal-gema durante quatro décadas pela empresa Braskem, o que afetou a vida de aproximadamente duzentas mil pessoas e criou uma legião de refugiados ambientais. A bancada de Alagoas no Congresso Nacional está unida pela justa reparação das vítimas, valendo destacar o irrefreável empenho do senador Renan Calheiros e do deputado federal Alfredo Gaspar, além dos esforços do governador Paulo Dantas.
São apenas exemplos das catástrofes que se sucedem, revelando o mau humor da natureza com a desmedida intervenção humana nos ecossistemas. Por esse motivo, não é possível desdenhar dos prejuízos causados ao meio ambiente pela busca frenética e egoísta do homem por riqueza e poder, em detrimento das próximas gerações. Estamos diante do derradeiro momento de escolher qual legado queremos deixar.
Para reagir à ganância que tanto mal faz ao planeta são indispensáveis os diálogos permanentes entre economia, educação, direito, tecnologia, sociedade e política. O Brasil, que possui uma das maiores biodiversidades do mundo, deve brecar o uso predatório dos recursos naturais estimulando atividades econômicas com menor impacto ecológico, investindo na agricultura de baixo carbono e na produção de fontes de energia limpa e biocombustíveis.
Na Câmara dos Deputados foi instalada a Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde no Brasil. O colegiado, com a colaboração de especialistas e entidades públicas e privadas, irá produzir relatório contemplando a sustentabilidade e a economia verde, bem como atuará em defesa dos compromissos firmados para minimizar os impactos do aquecimento global.
Estou convicto de que a sustentabilidade não é adversária do empreendedor. A indústria, o agronegócio e o meio ambiente podem e devem caminhar juntos. Já passou o tempo em que a questão ambiental ficava submissa aos interesses econômicos imediatos. O mundo vivencia um processo de mudança de rumo a partir da conscientização da importância do meio ambiente para uma vida digna, que envolve a integração da ecologia à atividade econômica e social.
O Brasil sediou duas conferências sobre sustentabilidade: a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20). Protocolos importantes emergiram desses encontros, como a Agenda 21.
Hoje a meta principal a ser alcançada é o Acordo de Paris, aprovado por 195 países, com programas e ações destinadas a reduzir fortemente as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e, dessa forma, barrar as mudanças climáticas e atenuar as graves consequências do aquecimento global.
Por sua vez, a crescente desigualdade social e a pobreza são inseparáveis dos desafios climáticos e da perda da biodiversidade. Com efeito, as populações mais precárias sofrem com a falta de saneamento básico, de água potável e de alimentos. Trata-se de questão fundamental cuja resolução passa, obrigatoriamente, pela alteração das estruturas de governança e pela humanização do sistema financeiro e dos modelos econômicos, a fim de proporcionar uma distribuição de renda mais justa.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado em 5 de junho. Nessa data, pode-se informar, educar, mobilizar e conscientizar a população sobre os efeitos nefastos do uso irresponsável dos recursos naturais. Tenho orgulho de ver o povo de Alagoas aliado aos movimentos de preservação dos recursos hídricos, da fauna e da flora. A prefeitura de Arapiraca aproveita esta semana para realizar uma série de eventos versando sobre a importância da sustentabilidade.
O tema escolhido pela ONU para a Semana do Meio Ambiente de 2023 foi o combate à poluição plástica. A ideia é difundir soluções para utilizar o material de forma sustentável. Estima-se que aproximadamente 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas todos os anos e pelo menos 23 milhões de toneladas poluem lagos, rios e mares. Esse lixo contamina os alimentos, o solo, a água e a atmosfera.
A sustentabilidade é a única saída para proteger o planeta contra as investidas da ambição sem limites e do atraso. Somente assim poderemos entregar um mundo melhor às gerações futuras, responsabilidade de todos nós. Como ainda não chegamos ao ponto de ruptura, a humanidade precisa se unir em proveito de um destino comum, onde prevaleçam a solidariedade, a harmonia e a paz.